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Benchmark Leite 2022/2023 revela indicadores e práticas dos melhores produtores de leite do país e do mundo - Noticiário Tortuga

Benchmark Leite 2022/2023 revela indicadores e práticas dos melhores produtores de leite do país e do mundo

Marcelo Grossi Machado
Gerente Categoria Leite Latam
Gabriela David
Especialista Leite LATAM

A pecuária leiteira é a atividade com o maior número de variáveis que impactam os custos e o preço ao produtor. Os fatores que influenciam o setor vão do clima até alterações no PIB, na inflação e na taxa de câmbio. Além disso, nos últimos anos, o mundo vem passando por instabilidades que dificultam a previsibilidade no comportamento e na tendência de preços em longo prazo. Instabilidades essas também de um mundo mais globalizado.

Ao longo dos anos, podemos observar uma mudança estrutural no setor, evidenciando a tendência global de crescimento no tamanho de fazendas e na redução do número de produtores. Uma vez que a atividade é impactada pela escala, que reduz o custo unitário do leite produzido, é esperado que haja uma pressão no setor para o crescimento de produção.

Com um mercado cada vez mais dinâmico e exigente, bom planejamento e gestão são imprescindíveis para uma produção eficiente e sustentável, independentemente do tamanho da propriedade. Uma gestão adequada envolve anotar e controlar os dados para avaliar as diferenças entre o planejado e o executado, a fim de tomar decisões de forma rápida e assertiva. Além disso, fica mais claro entender quais são os itens de maior impacto no custo de produção da atividade.

Com o objetivo de ajudar esses pecuaristas, os profissionais da dsm-firmenich orientam os produtores inscritos no Programa de Gestão (PGDSM) a levantar os dados das fazendas e transformá-los em informação.

Desde 2017, a companhia divulga o Benchmarking dos participantes do PGDSM para ajudar os produtores a incorporar as melhores práticas, aumentar a eficiência e tomar decisões mais precisas. Pioneiro no desenvolvimento desse ranking, o PGDSM Leite já contabiliza mais de 120 fazendas e mais de 20.000 vacas em lactação, considerando para divulgação dados entre julho de um ano a junho do ano seguinte. Na Tabela 1, podemos ver o histórico da diferença percentual da margem bruta daqueles que ganham mais dinheiro na atividade para a média do grupo amostral. Variando de 36% a 91% a mais, os melhores parecem conseguir uma façanha inesperada, e saber o que eles fazem de diferente parece ser um ponto importante nos estudos de boas práticas produtivas.

Os dados do Programa de Gestão são validados pelo Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira/Programa de Capacitação em Especialistas em Pecuária Leiteira (PDPL/PCEPL), da Universidade Federal de Viçosa/MG.

A avaliação das fazendas sempre se baseia no método de Benchmarking, comparando-se a média da população com a média dos Top Rentáveis (30% ou tercil superior das melhores margens brutas/litro de leite), além do top indicador, que são as 30% melhores fazendas para aquele quesito.

Ao fim, os dados zootécnicos e financeiros são correlacionados para avaliar as principais boas práticas, atualizadas para o momento, gerando informações essenciais para o setor.

Durante o estudo da safra 2022/2023, contamos com 38 fazendas com dados financeiros e zootécnicos e 73 apenas de dados zootécnicos. Foram envolvidos 13 técnicos da dsm-firmenich e sete independentes, englobando fazendas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Alagoas, Sergipe, Ceará e Rondônia.

Além disso, foram analisados dados de 4.500 fazendas em outros lugares do mundo (Holanda, Bélgica, Itália, Canadá, Reino Unido e Alemanha), possibilitando a avaliação de quão evoluídos ou não estamos em relação a outros países.

Nesse ano, identificamos alguns pontos de destaque, que são elucidados abaixo: O preço do leite influencia a margem ou não? Como o custo de produção influencia a margem? Quais são os indicadores zootécnicos que mais se correlacionam com as fazendas que ganharam mais dinheiro? Como é o gasto com minerais, suplementos e aditivos em termos de relevância nos planos de contas (custo) das fazendas? E no retorno?

1. Impacto do preço e do custo do leite na eficiência

Diversos fatores influenciam o preço do leite pago ao produtor. Primeiramente, o mercado depende de fatores, como importação de leite, disponibilidade interna de lácteos e consumo per capita. E do ponto de vista do produtor, seu pagamento é variável para quesitos como volume de produção, níveis de qualidade e logística.

 Por se tratar de um bem de alta elasticidade-renda, o consumo doméstico de leite está diretamente relacionado ao poder aquisitivo dos consumidores, sendo altamente impactado pela inflação e taxa de desemprego.

Muito se fala sobre o preço do leite representar um fator importante para o sucesso de propriedades leiteira. Mas, afinal, quanto o preço do leite impacta a atividade?

Dados das fazendas participantes do Benchmarking mostram que a margem bruta unitária dos produtores mais eficientes economicamente – Top Rentáveis – é R$ 0,42 maior que a média das fazendas participantes (gráfico 1), enquanto a diferença no preço do leite é de apenas R$ 0,02.

Gráfico 1 – Médias de Margem Bruta Unitária e Preço do Leite na Safra 22/23

Ao relacionar a margem bruta com o preço do leite, também é possível observar que esses indicadores não estão correlacionados (gráfico 2), enquanto o custo operacional efetivo do leite é altamente ligado à margem do produtor (gráfico 3). Enquanto o preço 4% das vezes explicou mais margem, o custo foi 67% das vezes a causa de melhor margem

Gráfico 2 – Correlação Entre Margem Bruta Unitária e Preço do Leite

Gráfico 3 – Correlação Entre Margem Bruta Unitária e Custo Operacional Efetivo

Uma vez que o preço do leite não pode ser determinado pelos produtores e que as margens da atividade são afetadas pelos custos, é preciso saber gerenciar fatores da porteira para dentro, os quais efetivamente impactam a lucratividade do negócio.

A redução de custo pode estar relacionada a duas causas principais – saber comprar mais barato, na hora certa, e estocagem, que não são tema do artigo hoje – e também ser eficiente por unidade de recurso (por exemplo, mão de obra, ração, volumoso), adotando boas práticas produtivas e, ainda, tendo um plano de compras bem estabelecido juntamente com a capacidade de estoque e o fluxo de caixa.

2. Principais indicadores zootécnicos para lucrar ao máximo

Foram feitas análises de correlação para identificar quais são os indicadores zootécnicos-chave, ou seja, quais indicadores apresentaram maior correlação com a lucratividade (R$/L). Abaixo, as mais relevantes:

  1. Estrutura de rebanho equilibrada: no gráfico 4, é possível observar que as Fazendas Top Rentáveis possuem melhor estrutura de rebanho, com mais vacas em lactação em relação ao número de vacas secas e ao rebanho total. Essas fazendas também apresentaram idade ao primeiro parto dois meses menor, ou seja, ganho de peso médio de cria e recria pelo menos 9% maior ou 80g/cab/dia de ganho de peso médio diário (GMD) a mais. Elas também apresentam menor mortalidade de cria que a média;
  2. Maior produtividade animal (L/vaca/d): seja por genética, conforto ou mesmo reprodução, a taxa de prenhez de vacas das melhores fazendas se mostra até 50% maior. O impacto de melhor prenhez, além de mais vacas em leite, é ter vacas mais produtivas pois estarão, na média, mais próximas ao pico de produção natural. Possuem, assim, melhor DELm (dias em lactação médio). Os dados mostram que, a cada dia de DEL a menos em relação ao DELm ótimo (170 dias para raças europeias e 140 para raças mestiças e zebuínas), são produzidos 70ml/cab/dia de leite a mais. Exemplo: se um rebanho reduzir de 200 dias de DEL para 170, produzirá 70ml x 30 dias = 2,1L a mais por cabeça/dia.

Gráfico 4 – Estrutura de Rebanho na Safra 22/23

Quando avaliamos as 4.565 fazendas de todo o globo (Tabela 2), percebemos que indicadores cruciais, como CCS média, número de vacas acima de 250.000 CCS, média animal, taxa de concepção e taxa prenhez, são piores na média Brasil em relação aos outros países. Com a melhora desses indicadores, seria mais provável produzirmos um leite barato e rentável.

3. Quais são os maiores itens de gasto de uma produção leiteira?

Considerando que a margem do produtor está diretamente relacionada aos custos da atividade, é preciso analisar indicadores que trarão uma avaliação precisa da saúde financeira de uma propriedade para entender quais índices podem ser melhorados no negócio.

Informações da safra 2022/2023 – de junho de 2022 a julho de 2023 – mostram que volumoso e concentrado são os itens com maior impacto nos custos, representando 28,80% e 12,80% da Renda Bruta da Atividade Leiteira respectivamente, seguidos pelo gasto com mão de obra (8,42%), enquanto o investimento em núcleos e minerais representa apenas 5,23%. Isso evidencia que o investimento em minerais impacta diretamente os efeitos na eficiência daatividade, mas sem representar grande reflexo nos custos, sendo o 4º, 5º ou até o 6º item mais importante.

 Outros dois achados importantes dos dados coletados: o investimento com minerais, núcleos e aditivos sobre a renda bruta do leite foi positivamente correlacionada com margem bruta da atividade. A média das fazendas investiu 5,23% enquanto as Top Rentáveis investiram 8,50%, ou seja, 62% a mais. O investimento em suplementação também foi inversamente correlacionado a gastos com medicamentos, indicando possibilidade de redução de doenças, saindo de 4,19% da renda (média) para 2,81% (Top Rentáveis), índice 68% menor.

Caso queira saber mais sobre o Programa de Gestão da dsm-firmenich, entre em contato com o nosso time de campo e venha fazer parte do maior benchmark do setor!

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