Mylene Abud
Após um período de tempestades e mares revoltos, o auge da virada de ciclo está finalmente em vias de acontecer a partir de 2025. E os pecuaristas não podiam estar mais animados! Depois de navegar por altas nos custos de produção e baixa nos preços da arroba, o setor começa a experimentar aquela calmaria que segue a tempestade. E, o que é melhor: próximo ano, a alta dos ciclos da pecuária de corte e de leite, mais curto, coincidem!
O ciclo pecuário, que sofreu com altos custos de produção e margens apertadas nos últimos anos, está entrando em uma fase de recuperação. A tendência é que a oferta de gado diminua, devido à redução do rebanho nos últimos ciclos, o que pode aumentar o preço da carne e melhorar a rentabilidade do produtor. Além disso, a estabilização dos custos de insumos (como ração e combustíveis) deve ajudar a aliviar as pressões sobre as margens.
Segundo João Yamaguchi, gerente de gado de corte para a América Latina da dsm-firmenich, depois de anos difíceis, as expectativas para 2025 são otimistas devido aos sinais de reversão do ciclo pecuário. “Há uma forte demanda por carne bovina que tem impulsionado os preços pagos pela arroba do boi gordo e com boas previsões para a exportação no próximo ano”, pontua.
Walter Patrizi, gerente de Confinamento da companhia para a América Latina, lembra que, durante cerca de 30 meses, os confinadores ficaram praticamente no vermelho, com margens próximas de zero e, muitas vezes, no vermelho. “Imagine o que é comprar o boi magro por um determinado valor e, de três a quatro meses depois, a arroba desvalorizar. Isso sem falar no preço dos alimentos”, sintetiza, acrescentando que 2024 já mostrou sinais de recuperação, com o início da estabilidade dos preços. “No final do ano, a arroba se recuperou mais rápido até do que esperávamos e os alimentos foram comprados a preços mais baixos. Em 2025, esperamos um lucro interessante para a atividade”, adianta.
Para a pecuária leiteira, o cenário também é promissor. “O ano de 2021 foi muito bom para a atividade. Já 2023 e o primeiro semestre de 2024 foram difíceis. No entanto, tivemos um segundo semestre surpreendente, com o produtor ganhando margens parecidas às de 2021. Isso porque os custos com as vacas, os alimentos e os fertilizantes, foram mais baixos. Na entrada do verão, com o aumento da produção a pasto, historicamente o preço do leite cai. Mas neste ano, em pleno mês de novembro, os preços ficaram em alta, o que já é muito positivo”, explica Marcelo Machado, gerente Categoria Leite para a América Latina da companhia.
Desafios e oportunidades
O horizonte agora se abre, trazendo a esperança de águas mais serenas e favoráveis, onde o pecuarista poderá, finalmente, navegar com mais confiança.
Mas, mesmo no mar calmo, é preciso se prevenir das intempéries.
João Yamaguchi ressalta que, independentemente da fase do ciclo, o produtor precisa ter sempre como foco uma pecuária profissional e lucrativa. E cita a eficiência produtiva e econômica da “porteira para dentro” como os principais pontos que precisam constantemente de atenção. “O mercado da ‘porteira para fora’ é soberano e temos pouca influência nos preços praticados. Então, o foco é produzir mais que a média e com equilíbrio entre desembolso e produtividade”, lembra.
O otimismo, com ressalvas, é partilhado por Walter Patrizi. Mesmo em um momento de vento a favor, ele pontua que há desafios bastante conhecidos pelos pecuaristas, com o possível aumento de preços dos insumos. “Após 30 meses difíceis, além de ter menos caixa, o produtor pode ter diminuído a escala de produção. Então, ele precisa aumentar a escala, mas tem dificuldade de caixa, porque o lucro não veio. O principal desafio é o caixa”, acrescenta. “Quem tem caixa é rei. Quem antecipa a compra de reposição e insumos, sai na frente.”
A gestão de custos, que sobem junto com os preços do boi, do boi magro e do bezerro, assim como a gestão de risco de preços, são citados por Thiago Carvalho como obstáculos a serem vencidos pelos produtores em um mercado com tendência de valorização. Ou seja, os pecuaristas precisam de uma proteção em relação à venda de seu produto final.
Marcelo Machado destaca que o setor leiteiro sofreu durante a pandemia e no pós-pandemia com a guerra Rússia x Ucrânia, que vem causando a subida dos preços dos fertilizantes e de outras commodities. Apesar dos custos recentemente terem baixado, estes ainda se encontram acima dos patamares de desembolso de três anos atrás. Por isso, a eficiência conta muito. “Os pecuaristas que estiverem cuidando do conforto dos animais, com bem-estar e manejo, da nutrição e da genética, terão mais sucesso no negócio”, ressalta.
Para superar as ondas como um bom velejador e acompanhar as flutuações do mercado, os produtores têm ao seu alcance – e devem usar – diversas ferramentas e soluções. Na opinião de Walter Patrizi, o trunfo de qualquer negócio passa pelo conhecimento de nutrição, de gestão, e pela capacidade de implementar as informações adquiridas. “Nesse ambiente de ventos favoráveis, o lucro é o gatilho que o produtor precisa para expandir o seu negócio. Contudo, isso traz maiores desafios de operacionalização porque seus processos estão mudando e a equipe está crescendo. É nesse momento que o produtor mais precisa ter apoio para crescer com sustentabilidade”, afirma.
Ter indicadores produtivos e econômicos, de maneira ágil e prática, também é a receita indicada por João Yamaguchi para uma gestão eficiente das fazendas. “Como ferramentas indispensáveis, podemos citar as tecnologias da família FarmTell®, que, de maneira intuitiva, facilitam a coleta dos dados e a geração de indicadores para a rápida tomada de decisão. Outro ponto de extrema importância e basal para que tudo funcione como o planejado é a mantença de uma equipe engajada no propósito e no objetivo de cada fazenda”, aponta.
A gestão também é defendida por Marcelo Machado como crucial para a pecuária leiteira. “É necessário saber gerir o antes e o depois, buscar bons parceiros e bons softwares, como o FarmTell®, que já está sendo utilizado com sucesso por seis mil fazendas no Brasil e 15 mil no mundo. Se o produtor não tiver conhecimento de seus números, pode acabar saindo da atividade”, analisa.
Já Thiago Carvalho pondera que o planejamento deverá ser a palavra-chave e acompanhar o produtor cada vez mais em um mercado com alta volatilidade, como vem se tornando a pecuária. “Tudo que sobe, desce, e vice-versa. Montando um planejamento e elevando a produtividade, o mercado precifica sua produção pelo seu ganho de escala e aumento de margem. Produtores que têm elevada produtividade também perdem quando o preço cai, mas perdem menos, e sua margem é superior em relação àquele que não investe. A pecuária é uma atividade de longo prazo, que requer disciplina e constância na melhora dos fatores de produtividade”, assinala.
Em outras palavras, para garantir mais sustentabilidade e crescimento no negócio, é preciso organizar a casa!
Dentro da porteira
João Yamaguchi credita o sucesso do negócio, que pode ser traduzido em resultados financeiros expressivos e obtidos de maneira sustentável, a uma série de fatores, uma vez que as fazendas são empresas a céu aberto. “Uma eficiente e completa gestão – zootécnica, financeira, de processos e recursos humanos – é chave para a obtenção de resultados acima da média. Então, da ‘porteira para dentro’, a lição de casa é fazer o simples bem-feito: adequado manejo de solo e pastagens, suplementação para cada categoria do rebanho, foco em qualidade genética dos animais e manejo operacional, para que todas as engrenagens funcionem perfeitamente. E tudo isso é potencializado quando a gestão é profissional e o gestor está sempre antenado às tendências e utiliza as ferramentas disponíveis no mercado para proteção e longevidade do seu negócio”, defende.
“O resultado vem para quem produzir com eficiência e diminuir os custos de produção. Mas isso não quer dizer gastar menos, e sim reduzir o custo por arroba”, adverte Patrizi.
“Independentemente do tamanho da propriedade, bom planejamento e gestão são imprescindíveis para uma produção eficiente e sustentável. Uma gestão adequada envolve anotar e controlar os dados para avaliar as diferenças entre o planejado e o executado, a fim de tomar decisões de forma rápida e assertiva. Além disso, fica mais claro entender quais são os itens de maior impacto no custo de produção da atividade”, fala Marcelo Machado, destacando a importância do maior Benchmark de dados financeiros e zootécnicos da pecuária leiteira no Brasil que é feito há 7 anos pela DSM e já conta com mais de 300 fazendas analisadas.
Para surfar a onda da virada
Segundo João Yamaguchi, para aproveitar da melhor maneira a boa fase do ciclo pecuário que se aproxima, é essencial eficiência para melhorar a produtividade, com desembolso adequado. “Sempre há espaço para otimizar a distribuição do desembolso, focando realmente no que vai trazer impacto produtivo (pastagem, nutrição e sanidade) e redução de custos fixos que não afetam diretamente a produtividade”, salienta.
A opinião é partilhada por Walter Patrizi: “Para produzir uma arroba mais barata, é preciso otimizar a escala de produção, aumentar o desempenho dos animais e controlar os custos fixos”.
Thiago Carvalho também destaca o cenário de crescimento para a produção em larga escala, com intensificação, impactando diretamente o uso de confinamento, e a produção de leite com tecnologia. “Ganhos de escala com padronização da produção e garantia de entrega de volume fazem com que a produção intensificada conquiste cada vez mais espaço. O momento deverá ser positivo tanto para a cadeia de corte como de leite, dado um cenário mundial mais restrito de produção (corte e leite) e um mercado interno mais aquecido, principalmente a partir de abril e maio”, avalia.
Marcelo Machado endossa as projeções e dá uma dica especial para os pecuaristas do leite: poupar as vacas na estação mais quente. “O verão é muito desafiador para a pecuária leiteira. O ideal é trabalhar mais leve com as vacas, garantir maior taxa de prenhez, que é o motor da fazenda. E colher os frutos no inverno, utilizando recursos como os aditivos”, orienta.
A dsm-firmenich disponibiliza diversas ferramentas e soluções nutricionais, digitais e de consultoria para as diferentes categorias e fases do gado de corte e de leite. E, o que é melhor: tudo em um só lugar, facilitando o acesso aos produtores.
Com a confiança renovada na pecuária, a gestão estratégica e a eficiência produtiva são os ventos que nos impulsionam rumo à maré alta de crescimento sustentável. Que 2025 venha repleto de oportunidades!