Uma mulher tecnológica na administração dos negócios

A tecnóloga paulista Franciele viu no agro uma oportunidade de usar seus conhecimentos em TI para otimizar o negócio da família. o fato de ser mulher pode até ter pesado no início, mas ela conquistou a confiança do pai e, hoje, as duas gerações convivem em harmonia na gestão da empresa

Larissa Vieira

No confinamento da Fazenda Lageado, em Platina/SP, acompanhar diariamente o consumo de ração dos animais pode deixar, em breve, de ser um trabalho manual. A administradora da propriedade, Franciele Terezinha da Rocha Domingos Munhoz, já estuda a possiblidade de implantar a leitura automática por câmera. “A tecnologia será muito importante para mantermos um bom ganho de peso dos animais confinados, pois permite a leitura do cocho em qualquer horário, evitando que o gado fique sem comida em períodos do dia em que a equipe não trabalha, como a noite, por exemplo”, destaca Franciele, sempre com um olho no gado e outro nas inovações que surgem para o setor.

Também não é para menos. Ela carrega em seu “DNA” profissional a formação como Tecnóloga em Processamento de Dados, uma pós-graduação em Desenvolvimento de Software para Web e a atuação em várias empresas. Mas, há alguns anos, o “DNA” agro falou mais alto e ela decidiu trocar a cidade pelo campo. Sugeriu ao pai, o produtor José Domingos de Lima, integrar a equipe de trabalho da Lageado, uma empresa familiar que atua na pecuária de corte e de leite e na agricultura. “Ele aceitou, mas condicionou minha atuação a apenas dois dias por semana e só na parte de pecuária. Comecei no controle do consumo de alimento do gado e da medicação”, lembra Franciele.

Na época, o confinamento já trabalhava com balança automatizada para pesar a ração, mas o equipamento não era utilizado da forma correta. Franciele identificou o problema e mostrou à equipe todos os recursos e como usá-los. “A tecnologia é um caminho sem volta. Queremos agregar cada dia mais inovações na fazenda”, diz.

Com os resultados do trabalho aparecendo, a administradora conquistou a confiança do pai e passou a trabalhar todos os dias, atuando também no setor financeiro, na parte de compras e controle de alimentação. Tempos depois, novas responsabilidades surgiram e a parte administrativa da agricultura também ficou a cargo de Franciele.

Ela é a terceira geração à frente do negócio. Tudo começou com o avô Armelindo Domingos, na década de 1960, que trabalhava com a engorda de animais. Os dois filhos, José, pai de Franciele, e Eliseu assumiram posteriormente a gestão do negócio, ampliando a atuação em outros segmentos do agro. Enquanto José é responsável pela compra e venda do gado do confinamento, Eliseu comanda a agricultura juntamente com a pecuária leiteira.

Parte da terceira geração dos Domingos de Lima já atua no negócio com Franciele. O primo, Augusto, é responsável pela parte operacional de pesagem, vacinação e ronda do confinamento. Ele trabalha em conjunto com Paulo César Silvério, genro de José. O patriarca Armelindo faleceu recentemente, aos 92 anos de idade, mas, mesmo com a idade avançada, gostava de auxiliar os filhos, dando conselhos sobre os negócios.

Entre as três gerações, o interesse por inovação e a paixão pelo agro são pontos em comum. A agricultura implantada pela segunda geração é desenvolvida em sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O milho é plantado junto com o capim. Quando o grão é colhido, o gado entra na área com o capim já desenvolvido. Na sequência, dessecam o capim para plantar a soja.

Os animais de recria que ficam nesse sistema de ILP ainda recebem suplementação Fosbovi 20 para pasto. Quando chegam à fase de engorda, seguem para o confinamento, cuja capacidade é para quatro mil animais. Além da ração, recebem Fosbovi Confinamento. Por lá, ficam até atingirem o peso de abate, entre 480 kg e 560kg, em, no máximo, dois anos. A Lageado fornece gado para um frigorífico que atende tanto ao mercado externo quanto interno. “Nosso objetivo é produzir uma carne de qualidade. Estamos conseguindo receber uma bonificação extra sobre o preço da arroba por entregar produtos bem acabados”, diz Franciele.

Além de produzir gado para um mercado que paga mais, a ordem na Lageado é controle total de custos. Cada centavo faz diferença no negócio e garante maior lucratividade. “Hoje, temos controle de tudo. Não está no achismo. Uma das medidas adotadas foi melhorar o manejo do gado. Antes, por conta da pressa, não se pesava sempre o gado. Hoje, é pesado toda vez que entra e sai do curral. Também melhoramos a qualidade da ração, fazendo a matéria seca da dieta e do bagaço. Com o auxílio dos técnicos da DSM, fazemos a peneira da dieta para saber a quantidade de fibra efetiva”, informa.

Os investimentos em nutrição sempre foram feitos na Lageado, que é cliente da DSM desde a época em que era conduzida pelo senhor Armelindo. Até mesmo os cavalos da tropa de trabalho e os carneiros são tratados com os minerais Tortuga, bem como o rebanho leiteiro, que recebe o Bovigold como suplemento.

Para Franciele, o fato de o pai ser adepto a novas tecnologias e soluções, não só na parte nutricional, mas também em outras áreas, facilita a convivência entre as duas gerações, tornando a transição familiar mais harmônica e segura. “Aos poucos, estou conquistando espaço e mostrando a eles novas formas de gerenciar o negócio. É uma troca de experiências”, conclui. Segunda de quatro filhas, Franciele acredita que, futuramente, as irmãs também terão interesse em participar do negócio. A família pretende buscar ajuda profissional para fazer o planejamento sucessório da empresa, para que todos os envolvidos possam levar a Lageado com sucesso por muitas e muitas gerações.

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