Suplementação estratégica de betacaroteno melhora a fertilidade de vacas de corte e éguas

Alexandre Perdigão
Analista de Ciência Aplicada III DSM América Latina

Figura 1. Efeitos do uso de betacaroteno e vitaminas OVN na taxa de prenhez após a IATF em vacas Nelore. *Fosbovi Reprodução

Com a busca por melhores índices produtivos e econômicos nas atividades pecuárias, novos desafios para animais de produção começam a emergir. Em destaque, a fertilidade das fêmeas. A fim de resolver problemas e estabelecer estratégias tecnológicas viáveis e com potencial de incremento produtivo, estudos avaliando as interações entre nutrição e reprodução vêm sendo desenvolvidos, com o intuito de aumentar os índices reprodutivos do rebanho.

Nesse contexto, devemos considerar a intensificação do sistema produtivo, que faz com que o metabolismo dos animais fique mais ativo e, com isso, aumenta também a quantidade de espécies reativas de oxigênio (EROs) no organismo, causando o chamado “estresse oxidativo”. Quando em excesso, as EROs podem desencadear distúrbios metabólicos, doenças, perda de desempenho e baixa fertilidade. O betacaroteno, precursor da vitamina A, é conhecido por ser um dos melhores antioxidantes da natureza. Além de reduzir os efeitos deletérios do estresse oxidativo, este carotenoide melhora os índices de fertilidade, a resposta imune e a rentabilidade do negócio.

A principal fonte de betacaroteno dos bovinos e equídeos são as forragens verdes, de boa qualidade. Conforme a estacionalidade na produção forrageira (período seco), a disponibilidade do betacaroteno diminui nesta fonte de alimento, que também pode ser comprometida em decorrência de processos de conservação e armazenamento de forragens, como ocorre nas silagens e nos fenos. Fatores fisiológicos, quando vacas sofrem o balanço nutricional negativo no período pós-parto ou até mesmo quando passam períodos de privação alimentar durante a seca, terão o desenvolvimento dos oócitos prejudicados pelo estresse oxidativo, levando a atrasos na concepção do embrião e ao aumento no intervalo de partos.

O betacaroteno tem um efeito antioxidante nos folículos, contribuindo para uma melhor regulação na síntese dos hormônios, como estrógeno/progesterona e, consequentemente, elevando as taxas de prenhez. Além disso, com uma melhor nutrição vitamínica, as fêmeas passam a produzir colostro de melhor qualidade, melhorando também a transferência de imunidade passiva aos recém-nascidos. Assim, a suplementação com betacaroteno se faz necessária, principalmente em momentos de grande estresse metabólico para os animais, como no período de transição, no parto e durante a estação de monta.

Em estudo publicado por Gouvea et al. (2018), vacas Nelore multíparas em pastejo, que receberam suplementação mineral com o Fosbovi® Reprodução mais betacaroteno e as vitaminas A, D, E e biotina durante a estação de monta, apresentaram taxa de concepção 15,6% maior após a primeira Inseminação Artificial em Tempo Fixo – IATF, quando comparadas às vacas que receberam apenas suplemento mineral sem vitaminas (66,6% vs. 57,6%, respectivamente; P=0,04; Figura 1). Os autores mostraram, ainda, que existe uma correlação positiva entre os níveis sanguíneos de betacaroteno e as taxas de prenhez (P=0,06). Ou seja, quanto maiores os níveis de betacaroteno no sangue ao início do protocolo de IATF, maior a probabilidade de as vacas emprenharem.

Figura 2. Efeitos do uso de betacaroteno e vitaminas OVN na taxa de prenhez após a 1ª e 2ª IATF, e o acumulado total no final da estação de monta de vacas Nelore. *Fosbovi Reprodução

Mais recentemente, Factor et al. (2020) notaram resultados semelhantes na taxa de prenhez da primeira IATF, tendendo a ser 13,4% maior para o grupo de vacas que consumiram o pacote vitamínico em comparação ao controle (64,2% vs. 56,6%; P = 0,08). Além disso, a taxa de prenhez da segunda IATF foi 25,8% maior com a suplementação vitamínica (52,1% vs. 41,4%; P = 0,0053) e com maior taxa de prenhez ao término da estação em relação ao controle (83% vs. 79% P = 0,058; Figura 2).

Em primíparas, Vasconcellos et al. (2018) comprovaram o mesmo efeito com o uso do pacote vitamínico, elevando a taxa de prenhez em 16,6% após a primeira IATF (68,6% vs. 58,8%, P=0,07) e em 8,2% ao término da estação de monta (91,2% vs. 84,3%, P=0,08), em comparação com vacas que receberam somente a suplementação mineral.

Factor et al. (2020) ainda comprovaram outro benefício com o uso do pacote vitamínico na recuperação do escore de condição corporal (ECC) após o parto, tendo as vacas suplementadas com vitaminas apresentado maior ECC na primeira IATF (3,00 vs. 2,81) e no primeiro diagnóstico de gestação (3,11 vs. 3,03; P<0,0001).

Esses resultados evidenciam que a suplementação estratégica de betacaroteno e vitaminas atua em sinergia, promovendo maior taxa de prenhez no momento inicial da estação de monta e, consequentemente, maior número de nascimentos de bezerros ao início da estação de parição no ano seguinte, os chamados “bezerros do cedo”. Concentrar os nascimentos no início da estação de parição traz inúmeras melhorias, como melhor crescimento e desempenho dos bezerros, facilidade de manejo, diminuição no ciclo produtivo e ganhos financeiros.

Em silagens, a concentração de betacaroteno diminui com o tempo de armazenamento devido à sua degradação na presença de oxigênio e de enzimas, que se tornam ativas nesse decorrer. Assim, silagens de capim e de milho têm baixa concentração de betacaroteno, sendo necessário suplementar a vaca para um melhor desempenho reprodutivo.

Para termos uma ideia do tamanho da importância no retorno da fazenda, é mais fácil transformar a melhora nos índices reprodutivos em retorno econômico. Segundo De Vries (2006), o custo de uma gestação é de 278 dólares (1 dólar = 5,15 reais). Se fizermos o cálculo para o aumento na taxa de prenhez de 15% em um rebanho de 100 vacas, teremos um retorno de 4.170 dólares ou 21.475,50 reais.

Quando suplementado para vacas no pré-parto, o betacaroteno também pode beneficiar as bezerras, filhas das mães suplementadas. Bezerras que consumiram o colostro de vacas suplementadas com betacaroteno registraram maior quantidade de imunoglobulinas (IgG), que estavam mais alta nas vacas suplementadas (Aragona et al. 2017). Essas IgGs são anticorpos que irão proteger as bezerras contra doenças até que seus sistemas imunes se tornem funcionais.

Para equinos, são escassos os trabalhos sobre as necessidades nutricionais de betacaroteno. Assim, os nutricionistas normalmente não consideram a ingestão de carotenoides na formulação de rações para esses animais. No entanto, Peltier et al. (1997) constataram que a suplementação com betacaroteno pode influenciar a função reprodutiva por aumentar a secreção de progesterona em éguas. Porém, mais estudos são necessários para evidenciar a melhora da fertilidade.

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REFERÊNCIAS
Aragona et al., 2017. Effects of supplemental β-carotene to prepartum dairy cows on colostrum quality and the pre-weaned calf. In: ADSA-ASAS Joint Annual Meeting, Pittsburgh, PA

Bian et al., 2007. The influence of β-carotene supplementation on post-partum disease and subsequent reproductive performance of dairy cows in China. Journal of Animal and Feed Sciences, 16, Suppl. 2, 370–375.

De Vries, 2006. Economic Value of Pregnancy in Dairy Cattle. Journal of Dairy Science, 89:3876-3885. Factor et al., 2020. Supplementation with betacarotene and vitamins improves pregnancy rate in timed AI beef Nellore cows grazed in pasture systems. In: ASAS-CSAS Virtual Meeting 2020.

Gouvea et al., 2018. The combination of β-carotene and vitamins improve the pregnancy first fixed-time artificial insemination in grazing beef cows. Livestock Science, 217: 30-36.

Peltier, M.M. et al. Effect of betacarotene administration on reproductive function of horse and mares. Theriogenology, Worburn, v.48, n.6, p.893-906, Oct. 1997.

Vasconcellos et al., 2018. Effects of β-carotene and vitamins at fixed timed artificial insemination (FTAI) in grazing Nellore primiparous cows. Journal of Animal Science, 96: 450-451.

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