Recria intensiva a pasto como estratégia para aumentar a lucratividade da fazenda

João Pedro Costa Alves de Oliveira
Mestre em Nutrição de Ruminantes e Consultor de Pecuária de Precisão dsm-firmenich

A preocupação de todo produtor é se seu negócio possui boas margens e se as perspectivas futuras são promissoras. Como não podemos controlar nada que está para fora da porteira da fazenda, então devemos focar da porteira para dentro e tentar proteger nossas margens. A recria é uma das fases da pecuária de corte que apresenta as melhores margens quando conduzida adequadamente, pois o investimento para depositar músculo durante o crescimento é mais barato. A recria intensiva a pasto (RIP) aumenta o ganho de peso dos animais, diminui o tempo de giro e pode ajudar a reduzir os riscos do negócio.

Como comparação, no período de crescimento, quando o animal está depositando músculo, 75% deste é composto por água. Já quando o animal está na fase de terminação, e está depositando gordura, apenas 25% do tecido adiposo é composto por água. Dessa forma, o animal deve ingerir um alimento mais adensado e mais caro para depositar a mesma quantidade de tecidos.

Historicamente, estamos acostumados com sistemas de recria de baixo investimento e a utilização de grandes extensões de terra. Nesses modelos, muitas vezes, o pasto e a suplementação mineral são negligenciados por aparentar que os animais vão encontrar tudo o que precisam nas grandes áreas.

Apesar do pasto representar de 90 a 99% do que um animal em recria consome por dia, a suplementação fornecida pode alavancar o desempenho dos animais. Vamos pegar como exemplo o fósforo, um dos principais nutrientes limitantes no desempenho dos animais a pasto. Em um pasto de capim Marandu em solo ácido de qualidade mediana, esse capim pode apresentar 0,1% de fósforo em sua composição. Ou seja, essa forragem é capaz de fornecer cerca de 7,5 g de fósforo para um animal que consome 7,5 kg de MS de pasto, o que não permitirá um desempenho maior do que 300 g/dia de ganho de peso. Nessas condições, esse animal passaria dois anos até chegar à engorda. Mesmo que as quantidades de energia e proteína consumidas pelo animal sejam o suficiente para um ganho maior, este estará limitado pela quantidade de fósforo na dieta.

Essa era parte da mentalidade da pecuária tradicional, em que o animal era uma reserva financeira e o sucesso do negócio contava com baixos investimentos e valorização da arroba. Atualmente, com a redução das margens, o aumento dos custos e a redução das grandes áreas de recria para sistemas mais eficientes de produção de grãos, os produtores precisam aumentar sua produtividade ou sairão do negócio. A adequação da carga de suporte das fazendas, a melhora do manejo de pastagens e a suplementação regular com produtos da linha de minerais orgânicos Tortuga® tem sido uma das alternativas dos produtores atendidos pelos serviços de consultoria de pecuária de precisão da dsm-firmenich.

Levando em consideração o exemplo anterior, em que os animais não desempenhariam acima de 300 g devido à limitação de fósforo, ao realizar o acompanhamento do manejo de pastagens e ajustar a suplementação dos animais, preservando o consumo diário adequado de suplemento, temos como resultado ganhos acima de 0,6 kg/dia. Em uma situação como essa, em vez de demorar quase dois anos para ir para a engorda, em apenas 240 dias os animais estarão prontos, reduzindo os riscos da variação de mercado e aumentando o giro da fazenda.  

Localizada no norte de Mato Grosso, a Fazenda Dona Gema optou pelo serviço de pecuária de precisão da dsm-firmenich, com o objetivo de reduzir a área utilizada e aumentar a quantidade de animais que seriam entregues ao confinamento. A propriedade passou a trabalhar com módulos de pastejo rotacionado e adotou uma suplementação de baixo consumo ajustada para suprir as deficiências do capim. Ao final do período, os animais ganharam 1,032 kg por dia.

A RIP pode ser utilizada para amplificar esses resultados do bom manejo das propriedades. Esse sistema leva em consideração o fornecimento de grande quantidade de concentrado no cocho para os animais, em geral, acima de 0,5% do PV, podendo chegar a 1,5%. Nessas situações, a capacidade de lotação das áreas é amplificada, já que, aproximadamente, metade do que o animal consome será fornecido no cocho. O importante é respeitar que essa formulação não permita acúmulo de gordura na carcaça, e que os animais cresçam em estrutura, para, mais tarde, serem terminados em confinamentos ou em sistemas de terminação intensiva a pasto. A dieta deve ficar próxima dos 65% de NDT (Nutrientes Digestivos Totais), ou ter 2,5 Mcal/kg de energia metabolizável, e 13% de PB (Proteína Bruta). Esperando um consumo de 1,2% kg de MS do concentrado em relação ao peso vivo dos animais.

O principal entrave para a adoção da RIP é o aumento de gastos com grãos e subprodutos utilizados na dieta dos animais. Em algumas regiões, essa estratégia pode ser inviável, pois o preço dos grãos é alto até chegarem às fazendas. Entretanto, nas regiões produtoras de grão, onde a lavoura muitas vezes pressiona a pecuária, há maior possibilidade para adoção da RIP, visto que o custo torna o investimento viável. Nessa situação, o desempenho dos animais aumentará não apenas devido ao concentrado fornecido no cocho, mas pelo fato de, agora, a variação do valor nutricional do capim ter menor influência no desempenho total.

Nessas condições, pode-se esperar desempenhos de 1 a 1,3 kg por dia. A Fazenda São Luiz no Mato Grosso tem obtido, regularmente, desempenhos de 1 a 1,4 kg por dia com fornecimento de concentrado entre 0,7% e 1,5% do peso vivo dos animais na RIP. Essa variação de consumo ocorre para ajustar a oferta de forragem aos lotes. Menores quantidades são fornecidas quando a produção de forragem é maior do que os animais conseguem comer. E maiores quantidades são fornecidas, quando o consumo do capim é acima da capacidade produtiva do pasto.

Na tabela 1, está a comparação das operações, considerando-se o preço da arroba de venda de R$ 315,00. A comparação foi feita apenas para as águas, pois este período é o suficiente para que os animais da recria melhorada e da RIP atinjam o peso para engorda.

Tabela 1. Comparativo dos modelos de recria em preço da arroba vendida (R$ 315,00).

A RIP apresenta melhores desempenhos e reduz o período de permanência dos animais, aumenta o giro da fazenda e eleva o resultado financeiro por hectare. Além disso, traz benefícios indiretos às fazendas, como maior facilidade para ajustar a pressão de pastejo com o fornecimento do concentrado, possibilidade de recolher o esterco das áreas envoltas dos cochos (menor gasto com adubação das pastagens com a utilização do adubo orgânico), e melhor adaptação a engorda em confinamento e Terminação Intensiva a Pasto (TIP), já que os animais estão adaptados a dietas com concentrado.

A adoção de novas tecnologias requer planejamento e avaliação da viabilidade de cada cenário. Além disso, cada produtor tem que avaliar sua necessidade de taxa de retorno e disponibilidade de capital para investimento. Com tudo em mãos, pode-se traçar a melhor estratégia para cada cenário.

O portfólio de produtos da Tortuga® e os serviços de Pecuária de Precisão vão permitir que você alcance seus objetivos e maximize a lucratividade da fazenda com fornecimento de nutrição de qualidade, orientação de uma consultoria especializada e utilização de sistemas de tecnologia digital.

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