Para a DSM, a mudança começa agora e já faz parte da estratégia da empresa centralizada no we make it possible (nós tornamos isso possível), que inclui o desenvolvimento de soluções tecnológicas como o Bovaer® e o Sustell™
Mylene Abud
Em 2021, um grande e esperado evento movimentou a cidade de Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro. Reunindo lideranças de cerca de 200 países, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP26, embora tenha ficado aquém das expectativas, trouxe resultados positivos visando à redução dos riscos do aquecimento global. Entre eles está a aprovação do Pacto Climático de Glasgow ou Acordo de Glasgow. Pelo documento, os signatários, incluindo o Brasil, comprometem-se a acelerar as ações contra as mudanças climáticas – uma discussão iniciada na COP21, com o Acordo de Paris. O documento também evidencia a necessidade de que a sociedade civil participe com planos de ação, ao lado dos governos e das instituições internacionais.
“Já estamos vivendo as mudanças climáticas e a COP26 foi uma oportunidade de todos se unirem para definir metas e objetivos conjuntos para o futuro do planeta”, afirma Carlos Saviani, Líder Global de Sustentabilidade da DSM, que acompanhou do Brasil as principais decisões tomadas durante a cúpula. Em Glasgow, estiveram presentes vários executivos da empresa, como o presidente da DSM Latam, Maurício Adade. Essa preocupação da DSM em construir um planeta mais sustentável e um futuro melhor para as próximas gerações não é de agora e está presente em várias ações e soluções desenvolvidas nos últimos anos pela empresa. Não por acaso, às vésperas da COP-26, a DSM obteve a aprovação regulamentar total das autoridades brasileiras e chilenas para comercializar o Bovaer®, seu aditivo que tem como principal função reduzir as emissões de metano em ruminantes.
“O Bovaer® foi totalmente pensado para a questão do meio ambiente. Há 12 anos, quando eu ainda trabalhava na WWF (World Wildlife Fund for Nature), fui procurado por uma consultoria da DSM para participar de um comitê de apoio ao desenvolvimento do Bovaer®. Eles queriam saber dos impactos que os efeitos positivos do produto sobre o meio ambiente teriam no mercado. Sou zootecnista, sempre trabalhei com produção animal e me interessei, quis entender melhor. Normalmente, uma solução em nutrição tem como benefício principal o aumento da produtividade, mas descobri que ele é 100% focado na redução das emissões de metano produzido pelas bactérias do rúmen”, ressalta Saviani, acrescentando que a postura visionária da empresa o levou a entrar para a DSM em 2019.
“Para dar uma dimensão da importância de conter essas emissões, uma molécula de metano equivale a 28 moléculas de dióxido de carbono, o gás que mais conhecemos como responsável pelo aquecimento global. Porém, ao mesmo tempo, enquanto o dióxido de carbono fica ativo na atmosfera por mais de 100 anos, o metano permanece nessa condição por apenas 12 anos. Ou seja, uma rápida redução das emissões de metano tem um impacto em curto prazo que pode inclusive auxiliar no resfriamento do planeta”, complementa Vanessa Lins Porto, Gerente de Inovação Digital e Estratégia Ruminantes da DSM para a América Latina.
Daí a importância de um produto desenhado exclusivamente para reduzir as emissões de metano provenientes da pecuária. “O Bovaer® é um aditivo nutricional que foi pesquisado por mais de dez anos até chegarmos nesse momento de aprovação de seu registro, que ocorreu de forma pioneira no Brasil. Ao ser incluído na dieta dos bovinos, ele tem a capacidade de reduzir em, ao menos, 30% a emissão de metano. Sua ação ocorre de forma instantânea após o animal ingerir o ingrediente, que pode ser facilmente misturado na dieta”, fala Verônica Lopes Schvartzaid, Supervisora de Sustentabilidade para Ruminantes da DSM.
Hoje, a pecuária representa 17% das emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) e 73% das emissões de metano no Brasil, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa. “Assim, o Bovaer® se mostra uma ferramenta importantíssima e viável para auxiliar o País a atingir seus objetivos, dentre eles a redução nas emissões de metano até 2030”, fala Verônica Schvartzaid, destacando um dos acordos assinados pelo Brasil durante a COP26.
Também durante a Cúpula do Clima, a DSM firmou parceria com a JBS, segunda maior companhia de alimentos do mundo e líder em proteína, para a implementação de um projeto com o objetivo de reduzir a emissão de metano entérico bovino em escala mundial com o uso do Bovaer®, contribuindo para o atingimento do compromisso de que esta se torne a primeira empresa global de proteínas animais a ser net-zero nas emissões dos GEE até 2040. E anunciou uma nova unidade de produção para o Bovaer® em Dalry, na Escócia, para acompanhar o crescimento do uso do produto em escala global (veja mais informações nos boxes).
QUEM NÃO MEDE, NÃO GERENCIA
Além do Bovaer®, a DSM lançou, em maio deste ano, uma nova solução para ajudar os clientes da empresa e empresas do setor a entender os desafios produtivos em relação à sustentabilidade e a melhorar sua pegada ambiental: o Sustell™. “Trata-se de um serviço que permite conhecer as pegadas ambientais de cada fazenda, dentro de sua realidade. Ou seja, ao invés de trabalhar com médias do setor para assumir o impacto da produção de leite, carne, ovos etc., ele possibilita à cadeia de produção animal calcular, comunicar e melhorar as pegadas ambientais específicas de cada fazenda, entendendo os pontos fortes e fracos dos sistemas produtivos de cada uma, em diferentes realidades”, frisa a Supervisora de Sustentabilidade para Ruminantes da DSM, Verônica Lopes Schvartzaid.
A solução, explica, é uma forma assertiva pela busca da produção animal mais sustentável, uma vez que as melhorias podem ser direcionadas aos pontos de maior impacto ambiental de cada sistema e auxiliar as indústrias a conhecerem e comunicarem as suas pegadas ambientais de forma mais precisa.
Com a produção animal contribuindo com 14,5% das emissões mundiais de Gases de Efeito Estufa (GEE), o Sustell™ é um serviço essencial para o mercado de proteína animal. Afinal, como bem disse William Edwards Deming, um dos precursores da Qualidade Total na Gestão Empresarial, “não se gerencia o que não se mede”.
“Há um potencial muito grande para a pecuária do Brasil agregar valor em sustentabilidade. Mas, antes de combater os impactos climáticos, além de endereçar outros problemas, como o impacto do uso da água, da terra, as emissões de nitrogênio e fósforo e a pegada hídrica, é preciso mensurar. Entender onde estamos hoje, nossos impactos ambientais fazenda a fazenda, cadeia de valor a cadeia de valor, para gerenciar, planejar melhorias e poder mostrar onde estamos. Atualmente, o setor não tem números definidos por fazenda e, nem mesmo, por produto. Em função disso, nos são taxadas médias globais ou dos piores players, e o País acaba sendo atacado por isso. Então, é fundamental mensurar para saber onde a minha carne e o meu leite estão”, endossa o Líder Global de Sustentabilidade da DSM, Carlos Saviani.
Com o Sustell™, é possível fazer simulações, calcular o impacto de mudanças com a troca da formulação das rações, a melhoria da pastagem ou a implantação de uma nova tecnologia, por exemplo. “O objetivo da DSM é disponibilizar um serviço para permitir que os produtores possam ter essas pegadas. Não apenas para comunicar para os clientes e o mercado, mas também para melhorar em aspectos como o tratamento do esterco, das pastagens, a nutrição, o uso de recursos naturais, contribuindo para ajudar o setor de proteína animal a melhorar sua sustentabilidade, gerando valor para o setor com isso”, observa Saviani.
“Para sermos um País com redução de 30% das emissões de metano até 2030, é necessário conhecer onde estão os grandes ofensores das emissões e quais são os modelos de referência para a baixa emissão dentro da produção animal. Não é possível ter melhorias sólidas sem saber o ponto de partida”, corrobora a Gerente de Inovação Digital e Estratégia Ruminantes da DSM Latam, Vanessa Porto.
MUDAR AGORA!
Todas essas soluções fazem parte da nova estratégia do negócio de Nutrição e Saúde Animal da DSM, centralizada, a partir de 2020, no We Make it Possible (Nós tornamos isso possível), com a missão de liderar uma transformação robusta e viável em todo o mundo na produção sustentável de proteína animal e acelerar soluções que promoverão um futuro mais brilhante.
“A estratégia We Make It Possible é composta de seis frentes de trabalho, nas quais a DSM consegue auxiliar a cadeia de nutrição animal a ser cada vez mais sustentável. Um dos pilares é a diminuição de emissões pelos animais de produção, com foco na redução de metano para os bovinos. Além do Bovaer®, outras tecnologias nutricionais auxiliam nessa frente, pois, com a maior produtividade animal, utilizando os mesmos recursos, a proporção de gases emitidos por litro de leite ou quilo de carne produzidos também é reduzida”, destaca Verônica Lopes Schvartzaid.
Dentre essas tecnologias nutricionais já desenvolvidas pela DSM estão o Rumistar™ – Alfa-amilase pura desenvolvida para atuar no ambiente ruminal, proporcionando maior digestão e eficiência na utilização do amido e, assim, promove o aumento de produção de leite em até 2l/dia em rebanhos leiteiros, enquanto em gado de corte confinado promove aumento de @ por animal – e o CRINA® – blend de óleos essenciais indicado para substituir o uso de antibióticos e ionóforos na alimentação de ruminantes.
“Essas tecnologias melhoram o desempenho zootécnico e, dessa forma, otimizam o uso dos recursos naturais que são insumos para a produção animal, também colaborando para uma produção mais sustentável. Uma pecuária combinando diferentes estratégias e tecnologias em busca de maior eficiência e produtividade se mostra o caminho ideal para reduzir os impactos ambientais da produção de leite e carne. A agropecuária tem um papel determinante na produção de alimentos e suprimento das necessidades de uma população com demandas crescentes de alimento, porém a adoção de práticas cada vez mais sustentáveis na produção de alimentos é decisiva para garantir o atingimento dos objetivos relacionados à desaceleração do aquecimento global”, completa Vanessa Porto.
AGROPECUÁRIA COMO PARTE DA SOLUÇÃO CLIMÁTICA
Mas será que, com a utilização de produtos que aumentam a produtividade usando os mesmos recursos, prezando pelo bemestar animal e gerenciando as emissões de GEE, poderíamos afirmar que a agropecuária também faz parte da resolução da questão climática?
“Sem dúvida”, responde incisivamente Carlos Saviani. “A produtividade anda de mãos dadas com a sustentabilidade, que não é apenas ambiental, mas também econômica e social. É preciso adotar medidas que se sustentem, para que o negócio continue por várias gerações, melhorando a produtividade, reduzindo os custos e, ao mesmo tempo, diminuindo o impacto no meio ambiente por quilo de carne ou de leite produzidos”, salienta.
“Tanto o Sustell™ como o Bovaer® estão conectados a uma produção animal de menor impacto ambiental e à redução das emissões de carbono equivalente por quilo de alimento produzido. Hoje, vemos movimentos vanguardistas de produtores e marcas que posicionam suas atividades nessa direção. Porém, ainda há muito trabalho a se fazer nesse caminho do ponto de vista de conhecimento, disseminação de informação, serviços e ferramentas disponíveis para que os produtores entendam cada vez mais a importância de trabalharmos juntos como cadeia, como peça fundamental para a nutrição sustentável do nosso planeta. Por outro lado, a regulamentação de um mercado de carbono e projetos robustos voltados ao incentivo de práticas sustentáveis também são importantes para acelerar esse processo”, afirma Vanessa Porto.
O QUE VEM POR AÍ…
Para os executivos da DSM, 2022 promete ser um ano repleto de iniciativas sustentáveis e de consolidação de projetos. “Estamos trabalhando junto a parceiros, tanto com o Sustell™ como com o Bovaer®, para a elaboração de modelos de negócio e projetos sustentáveis que possam ser replicados e ampliados a um número cada vez maior de animais”, ressalta Verônica Lopes Schvartzaid, Supervisora de Sustentabilidade para Ruminantes. “A expectativa para o próximo ano é termos muitos avanços na implementação das soluções voltadas à sustentabilidade, colaborando cada vez mais com uma cadeia de produção animal de menor impacto ambiental.
E que os frutos dos primeiros projetos já possam inspirar novos avanços e mais trabalhos com uma pegada cada vez mais sustentável”, complementa Vanessa Lins Porto, Gerente de Inovação Digital e Estratégia Ruminantes da DSM para a América Latina.
“Ao lado dessas novas soluções, a nova unidade de produção do Bovaer® em Dalry, na Escócia, para acompanhar o crescimento do uso do produto em larga escala, e a parceria da DSM com a JBS, que utilizará o Bovaer® globalmente em um grande projeto para reduzir a emissão de metano entérico bovino, são excelentes notícias para serem implementadas a partir do próximo ano. E muitas outras virão por aí”, anuncia o Líder Global de Sustentabilidade, Carlos Saviani.
Para a DSM, o futuro já começou!
DSM E JBS: PARCERIA PARA REDUZIR AS EMISSÕES DE METANO NA CADEIA BOVINA
Durante a COP26, realizada em Glasgow, na Escócia, a JBS firmou parceria com a Royal DSM para implementar um projeto com a meta de reduzir a emissão de metano entérico bovino em escala mundial. Para alcançar o objetivo, a JBS, segunda maior companhia de alimentos do mundo e líder em proteína, utilizará o Bovaer®, suplemento nutricional desenvolvido pela DSM, para melhorar consideravelmente a pegada de Gases de Efeito Estufa na cadeia de valor da produção de carne bovina.
Adicionado à alimentação dos animais, o Bovaer® tem potencial para reduzir em até 90% as emissões entéricas de metano, como comprovado recentemente em um estudo australiano de confinamento de carne bovina. O uso de um quarto de colher de chá do aditivo ao dia, por animal, inibe a enzima que ativa a produção do gás metano no estômago do ruminante.
Para alcançar essa meta em escala global, a JBS e a DSM definiram um cenário de ponta a ponta para desenvolver, construir e testar o suplemento nas operações da JBS. Inicialmente, o Bovaer® será fornecido para bovinos confinados. Após seis meses, os testes serão expandidos para um segundo mercado, que pode ser a Austrália ou os Estados Unidos, duas das maiores operações da JBS no mundo.
O plano contempla o desenvolvimento de metodologias para criar ferramentas de avaliação ao longo de todo o ciclo da cadeia da JBS, com a participação técnica de instituições acadêmicas e de pesquisa.
DSM ANUNCIA NOVA UNIDADE DE PRODUÇÃO PARA O BOVAER® EM DALRY, NA ESCÓCIA
Ainda durante a COP26, a DSM anunciou a construção de uma unidade em Dalry, na Escócia, para a produção em larga escala do Bovaer®, aditivo que tem como principal função reduzir as emissões de metano em ruminantes. Instalada junto a uma fábrica da empresa, que há mais de 60 anos produz micronutrientes de alta qualidade, como a vitamina C, a nova unidade deverá entrar em operação em 2025.
No início de setembro deste ano, a DSM recebeu aprovações regulatórias completas no Brasil e no Chile para o uso do Bovaer®. Com esta autorização e o acordo assinado com a JBS para a utilização do produto em escala global, torna-se imprescindível que a oferta da solução acompanhe a forte demanda prevista. Atualmente, a empresa tem volumes iniciais disponíveis do produto para atender ao mercado em curto prazo, mas já está se preparando para um aumento de escala nos próximos anos.