Marcelo Grossi Machado
Dairy Technical Manager Latam
Gabriela David
Marketing Trainee | Ruminants Latam
A pecuária leiteira é a atividade com o maior número de variáveis que impactam os custos e o preço ao produtor. Os fatores que influenciam o setor vão do clima até alterações no PIB, na inflação e na taxa de câmbio. Além disso, nos últimos anos, o mundo vem passando por instabilidades que dificultam a previsibilidade no comportamento e na tendência de preços em longo prazo. Instabilidades essas também de um mundo mais globalizado.
Ao longo dos anos, podemos observar uma mudança estrutural no setor, evidenciando a tendência global de crescimento no tamanho de fazendas e na redução do número de produtores. Uma vez que a atividade é impactada pela escala, que reduz o custo unitário do leite produzido, é esperado que haja uma pressão no setor para o crescimento de produção.
Com um mercado cada vez mais dinâmico e exigente, a gestão se torna imprescindível para uma produção eficiente e sustentável, independentemente do tamanho da propriedade. Uma gestão adequada envolve um bom planejamento e o controle de dados para avaliar as diferenças entre o planejado e o executado, a fim de tomar decisões de forma rápida e assertiva.
Com o objetivo de ajudar esses pecuaristas, os profissionais da dsm-firmenich orientam os produtores inscritos no Programa de Gestão (PGDSM) a levantar os dados das fazendas e transformá-los em informação.
Desde 2017, a companhia divulga o Benchmarking dos participantes do PGDSM para ajudar os produtores a incorporar as melhores práticas, aumentar a eficiência e tomar decisões mais precisas. Pioneiro no desenvolvimento desse ranking, o PGDSM Leite já contabiliza mais de 180 fazendas, considerando para divulgação dados entre junho de um ano a julho do ano seguinte. Os dados são validados pelo Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira/Programa de Capacitação em Especialistas em Pecuária Leiteira (PDPL/PCEPL), da Universidade Federal de Viçosa/MG.
Ao fim, levantam-se dados zootécnicos e financeiros e tenta-se correlacioná-los para avaliar as principais boas práticas do setor, atualizadas para o momento.
Impacto do preço do leite na eficiência
Diversos fatores influenciam o preço do leite pago ao produtor, como volume de produção e importação, disponibilidade interna de lácteos e consumo. Além disso, por se tratar de um bem de alta elasticidade-renda, o consumo doméstico de leite está diretamente relacionado ao poder aquisitivo dos consumidores, sendo altamente impactado pela inflação e taxa de desemprego.
Muito se fala sobre o preço do leite representar um fator importante para o sucesso de propriedades leiteira. Mas, afinal, quanto o preço do leite impacta a atividade?
Dados das fazendas participantes do Benchmarking mostram que a margem bruta unitária dos produtores mais eficientes economicamente – Top Rentáveis – é R$ 0,48 maior que a média das fazendas participantes (gráfico 1), enquanto a diferença no preço do leite é de apenas R$ 0,02.
Gráfico 1 – Médias de Margem Bruta Unitária e Preço do Leite na Safra 22/23
Ao relacionar a margem bruta com o preço do leite, também é possível observar que não há correlação (gráfico 2), enquanto o custo operacional efetivo do leite é altamente ligado à margem do produtor (gráfico 3).
Gráfico 2 – Correlação Entre Margem Bruta Unitária e Preço do Leite
Gráfico 3 – Correlação Entre Margem Bruta Unitária e Custo Operacional Efetivo
Uma vez que o preço do leite não pode ser determinado pelos produtores e que as margens da atividade são afetadas pelos custos, é preciso saber gerenciar fatores da porteira para dentro, os quais efetivamente impactam a lucratividade do negócio. E a redução de custos não está relacionado a comprar o mais barato, mas sim a ser mais eficiente por unidade de recurso (por exemplo, mão de obra, ração, volumoso), adotando boas práticas produtivas e, ainda, tendo um plano de compras bem estabelecido juntamente com capacidade de estoque e fluxo de caixa.
Impacto dos custos na atividade
Considerando que a margem do produtor está diretamente relacionada com os custos da atividade, é preciso analisar indicadores que trarão uma avaliação precisa da saúde financeira de uma propriedade para entender quais índices podem ser melhorados no negócio.
Informações da safra 2022/2023 – de junho de 2022 a julho de 2023 – mostram que volumoso e concentrado são os itens com maior impacto nos custos, representando 28,96% e 13,91% da Renda Bruta da Atividade Leiteira respectivamente, seguidos pelo gasto com mão de obra (8,49%), enquanto o investimento em núcleos e minerais representa apenas 5,88%. Isso evidencia que o investimento em minerais impacta a eficiência daatividade, sem apresentar grande reflexo nos custos. Em geral, a nutrição mineral é o sexto ou sétimo maior plano de contas.
Produzir mais e de forma eficiente envolve ter um rebanho saudável e apresentar melhores índices reprodutivos. As propriedades que se mantêm entre as 30% superiores em margem de lucro são consideradas Fazendas Top Rentáveis, e a margem de lucro é 10p.p. ou 45% maior que a média das participantes.
Os indicadores zootécnicos que mais se correlacionam com a margem bruta são o ganho médio diário (GMD) de recria, idade ao primeiro parto (IPP) e taxa de prenhez de vacas. Fazendas com alto GMD de recria e baixo IPP possuem melhor estrutura de rebanho, melhores taxas de prenhez e, também, menor DEL (dias em lactação). Assim, produzem mais leite por animal por recurso empregado.
No gráfico 4, é possível observar que as Fazendas Top Rentáveis possuem melhor estrutura de rebanho, com mais vacas em lactação em relação ao número de vacas secas e ao rebanho total. Essas fazendas também apresentam idade ao primeiro parto dois meses menor que a média, além de intervalo entre partos inferior.
Gráfico 4 – Estrutura de Rebanho na Safra 22/23
Outros achados importantes
A avaliação sempre se baseia no método de Benchmarking, comparando-se a média da população (N=180) com os top rentáveis (30% do tercil superior das melhores margens brutas/litro de leite), além do top indicador, que é a fazenda que obteve o melhor número naquele quesito.
As melhores fazendas tiveram CBT (Contagem Bacteriana Total) mais baixa, proteína do leite mais alta, menor taxa de retenção de placenta, melhor relação vacas em lactação/total de vacas e total do rebanho, evidenciando saúde e reprodução como pilares essenciais.
Tabela 1 – Benchmarking Zootécnico Safra 22/23
Outros fatos encontrados: as melhores fazendas lucram quase 50% a mais. Todavia, o reinvestimento na atividade caiu nessa última safra para 2% na média da margem bruta anual.
Tabela 2 – Benchmarking Financeiro Safra 22/23
Abaixo, vemos o ranqueamento dos maiores planos de contas em uma fazenda média, pelos dados obtidos e os impactos de cada um no COE (Custo Operacional Efetivo).
Tabela 3 – Composição do Custo Operacional Efetivo na Safra 22/23.
Caso queira saber mais sobre o Programa de Gestão da dsm-firmenich, entre em contato com nosso time de campo e venha fazer parte do maior benchmark do setor!