Ordenha automática moderniza a pecuária leiteira no Brasil

Diego Airton Magro
Assitente Técnico Comercial Gado de Leite DSM – SC

Edivan de Jesus
Assitente Técnico Comercial Gado de Leite DSM – RS

Giovani Noro
Feed Mills – Account Manager – RS

A atividade de pecuária leiteira está passando por um processo de inovação tecnológica, máquinas autônomas, inteligência artificial e sistemas capazes de monitorar a saúde dos animais em tempo real. Nesse contexto, o sistema de ordenha robô também deixou de ser novidade em nosso País para se tornar realidade.

Em 2013, na região dos Campos Gerais/PR, foi instalado o primeiro robô com ordenha automatizada do Brasil, também conhecida como ordenha voluntária ou automática. A partir de então, muitas propriedades foram adquirindo essa tecnologia e, atualmente, estima-se que haja mais de 200 robôs em funcionamento em todo o território nacional – esse dado se baseia na soma das informações de todas as empresas que dispõem dessa tecnologia no mercado.

Entre os fatores que têm contribuído para esse crescimento estão a dificuldade de encontrar mão de obra especializada e o aumento nos custos de contratação, o que tem levado os produtores a buscar novas alternativas para se manterem na atividade. Além disso, o robô também tem demonstrado inúmeros benefícios, como o aumento na produção de leite, a eficiência alimentar, o fornecimento de informações e o controle de dados.

Esses resultados se justificam pelo aumento do número de ordenhas do rebanho, beneficiando, principalmente, as vacas recém-paridas e de alta produção, já que a ordenha estimula a produção pelo esvaziamento, diminui a pressão nos quartos mamários, aliviando e reduzindo processos inflamatórios. O robô também identifica e fornece ração individualizada, favorecendo e melhorando a eficiência das vacas conforme suas produções. Para muitos pecuaristas, esses recursos representam ganhos produtivos exponenciais.

Quanto à alimentação em um sistema de ordenha voluntária, inicialmente, buscamos atender aos níveis nutricionais da dieta, em que a dieta na pista de alimentação (PMR) combinada com a ração do robô possa suprir as exigências de todos os níveis de produção presentes no lote. Mas alguns cuidados são necessários, pois sabemos que uma PMR com alta quantidade de concentrado pode aumentar o número de vacas com ordenhas atrasadas. E altas quantidades de ração no robô podem proporcionar muita sobra, diminuindo a eficiência alimentar do lote.

O fornecimento de alimento durante a ordenha é a melhor estratégia para influenciar as vacas a visitarem o robô mais frequentemente.

Nestes sistemas de ordenha, prioriza-se o uso de concentrados peletizados em detrimento dos farelados. Isso em função da taxa de ingestão, que, nos peletizados, fica ao redor de 350-400 g/min e, nos farelados, 200-250 g/min. A maior velocidade de ingestão permite o fornecimento de mais concentrado no robô, principalmente em vacas de maior produção. A dureza do pellet é importante para evitar quebras e desperdício durante o seu fornecimento, estimulando, ainda, o número de visitas ao sistema voluntário de ordenha, de acordo com estudos. No entanto, algumas propriedades têm apresentado desempenhos muito bons utilizando concentrados farelados.

Outros fatores que podem determinar a ingestão e a regularidade das visitas ao robô são a composição do concentrado e o uso de flavorizantes. Concentrados mais palatáveis, com adição de substâncias aromatizantes e flavorizantes, têm aumentado o número de visitas ao sistema voluntário de ordenha, principalmente quando fornecidas baixas quantidades de concentrado (entre 1,5-3,5 kg/dia).

A composição do concentrado também impacta o número de visitas ao robô, sendo mais importante o seu efeito quanto maior o fornecimento. Em consumos abaixo de 3 kg/vaca/dia de concentrado durante a ordenha, a composição do concentrado tem menor impacto sobre o número de visitas ao robô. Alguns estudos têm mostrado a preferência por concentrados com cevada, aveia e trigo em relação ao milho.

MINERAIS TORTUGA
Outro aspecto a considerar com relação ao concentrado é a adição de minerais, vitaminas e tamponantes, pois os ingredientes podem não ser muito palatáveis, afetando o consumo de  concentrado. Por outro lado, fica difícil atender totalmente à exigência de minerais e vitaminas via dieta fornecida na linha de cocho, principalmente de animais com maior produtividade. Assim, é necessário trabalhar com suplementos minerais de melhor qualidade, palatabilidade e biodisponibilidade, como os Minerais Tortuga, que proporcionam uma ótima suplementação para o seu rebanho.

Algumas evidências indicam que 80% da ingestão de MS ou 15 kg de ração para cada 100 litros de leite parecem uma boa quantidade de ração a ser utilizada no robô. Essa, por sua vez, precisa ter níveis não muito diferentes da dieta total, para que a diferença nos níveis de proteína e energia não exceda a exigência das vacas de alta produção.

Um robô tem potencial de ordenhar em torno de 90% ao dia. Com ordenhas de seis a oito minutos, o número médio de ordenhas por vaca pode variar de 2,5 a 3,2 vezes ao dia. A capacidade é de 50 a 70 vacas por robô. Esses números, juntamente com a média de produção das vacas, levam ao indicador mais importante, que são os litros de leite ordenhados por robô/dia. Quanto maior esse indicador, mais rapidamente pagará o investimento.

No Brasil, encontramos, principalmente, dois sistemas distintos pelos quais as vacas procuram o robô: o tráfego livre e o tráfego guiado. No livre, as vacas têm sempre acesso à pista de alimentação e aos bebedores, enquanto no guiado as vacas só têm acesso após passarem por um portão separador que seleciona as vacas aptas para a ordenha. Ambos os sistemas são muito eficientes, com pequenas diferenças. No de tráfego livre, é preciso trabalhar com atenção ao nível energético do PMR, para não causar o aumento de vacas com ordenhas atrasadas e, assim, necessitar mais mão de obra para buscálas. Já no sistema de tráfego guiado, há menor número de refeições na pista de alimentação, sendo necessária atenção especial para a qualidade dessa dieta por todo o período do dia. Entretanto, a diferença mais importante seria uma possível capacidade do sistema guiado comportar um maior número de ordenhas/dia.

Durante a ordenha, a velocidade de descida do leite varia de vaca para vaca. Nesse caso, bem como para a conformação de tetos, a seleção genética é de extrema importância, com o objetivo de acelerar a velocidade da ordenha, diminuir ordenhas falhas e aumentar o número de vacas ordenhadas por robôs. Hoje, vários catálogos de sêmen mostram touros capazes de corrigir e aperfeiçoar essas características (índice para ordenha robotizada).

É evidente que o custo de implantação de um sistema de ordenha voluntária chama a atenção em um primeiro momento. No entanto, ele proporciona economia tanto no custo alimentar por litro de leite produzido como no custo de mão de obra.

Quanto ao custo da alimentação, conseguimos atender, de forma individualizada, a todos os níveis de produção para ajustes em proteína e energia. Na prática, quando formulamos para um sistema robotizado, conseguimos diminuir esses custos de R$ 0,03 a R$ 0,07/litro de leite, bem como de mão de obra em torno de 20%. Em pequenas e médias propriedades que, por falta de mão de obra, utilizam apenas duas ordenhas por dia, o robô possibilita mais ordenhas diárias sem aumentar a mão de obra, o que proporciona um aumento de produção em aproximadamente 15%.

A ordenha robotizada garante maior vida útil para o úbere, pois vacas mais produtivas podem ordenhar de quatro até seis vezes ao dia, diminuindo o descarte por ligamento do úbere. E proporciona melhor saúde dos tetos, devido à característica do sistema de ordenhar por quarto. Outro ponto muito importante são as informações que o software de gestão do sistema fornece, e conseguir interpretar todos esses dados é o ponto-chave para adequar o manejo e, assim, melhorar a sua eficiência.

Sem dúvidas, o sistema de ordenha voluntário é uma tecnologia já muito consistente em todo o mundo e está se tornando uma alternativa bastante importante para as fazendas leiteiras no Brasil. E toda a equipe técnica da DSM está preparada e disponível para auxiliar o produtor para a eficiência produtiva e econômica do sistema.

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