Alexandre Perdigão
Especialista em Inovação e Ciência Aplicada da dsm-firmenich
A produção de carne bovina em sistemas de pastejo tropical se caracteriza por uma marcada variabilidade na qualidade das forragens ao longo do ano, especialmente durante a transição da estação chuvosa para a seca. Essa sazonalidade afeta diretamente o consumo voluntário, o aporte proteico, a digestibilidade da fibra e o equilíbrio nutricional dos animais, resultando em perdas de desempenho, maior incidência de distúrbios metabólicos e maior exposição ao estresse térmico (Euclides et al., 2010; Reis et al., 2020; Fernandes et al., 2021).
Além disso, o ambiente tropical impõe desafios imunológicos, digestivos e oxidativos, particularmente nas fases de crescimento, recria e terminação. Diante dessas limitações, torna-se fundamental implementar estratégias nutricionais que não apenas corrijam as deficiências das forragens, mas também atuem sobre funções fisiológicas-chave, como a integridade intestinal, o equilíbrio da microbiota e a modulação de processos inflamatórios e antioxidantes (Wickramasinghe et al., 2021; Valenzuela-Grijalva et al., 2017; Figura 1; Yu et al., 2015).

Nesse contexto, a combinação de compostos fitogênicos e microminerais orgânicos surge como uma abordagem funcional e viável para a nutrição de bovinos em sistemas tropicais. Essa estratégia tem potencial de melhorar o desempenho produtivo, a saúde intestinal e a resiliência frente a desafios ambientais (Valenzuela-Grijalva et al., 2017; Budde et al., 2019). Os compostos fitogênicos exercem efeitos antimicrobianos, anti-inflamatórios e antioxidantes, favorecendo o equilíbrio da microbiota e a integridade do epitélio intestinal. Por sua vez, os minerais orgânicos, devido à alta biodisponibilidade, cumprem funções essenciais na imunidade, no metabolismo energético e na neutralização do estresse oxidativo (Spears, 2003; Baggerman et al., 2020; Ghaffari et al., 2021; Netto et al., 2009).
A crescente demanda por sistemas de produção mais sustentáveis e livres de antibióticos também impulsionou o desenvolvimento de alternativas ao uso de ionóforos, comumente utilizados para melhorar a eficiência alimentar e modular a fermentação ruminal (Duffield et al., 2012; Nagaraja et al., 2016). Embora eficazes, esses aditivos enfrentam restrições em determinados mercados e programas de certificação, como aqueles orientados para carne orgânica ou livre de antibióticos, o que reforça a necessidade de estratégias nutricionais que mantenham o desempenho animal sem recorrer ao seu uso (Miller et al., 2003; van Vliet et al., 2021).

A utilização integrada de fitogênicos e microminerais orgânicos desponta como alternativa promissora para elevar o desempenho produtivo e favorecer a integridade intestinal de bovinos em pastejo, mesmo diante das oscilações climáticas características de regiões tropicais. Essa estratégia nutricional contribui para aprimorar a eficiência dos sistemas pastoril intensivos e atender às demandas por soluções mais sustentáveis e adaptadas aos desafios produtivos.
Os compostos fitogênicos são extratos naturais, óleos essenciais e substâncias purificadas obtidas de plantas aromáticas, reconhecidos por suas propriedades antimicrobianas, antioxidantes, anti-inflamatórias e digestivas. Entre os princípios ativos com maior respaldo científico, destacam-se o cinamaldeído, eugenol, carvacrol, compostos fenólicos como a vanilina, extratos de Glycyrrhiza glabra (alcaçuz) e o óleo essencial de alcarávia (Carum carvi), ricos em compostos bioativos (Valenzuela-Grijalva et al., 2017; Bachinger et al., 2019).
Essas substâncias atuam no trato gastrointestinal por meio da modulação da microbiota, da melhoria da digestibilidade dos nutrientes e da preservação da integridade da mucosa intestinal (Yu et al., 2015). Além disso, possuem a capacidade de reduzir a expressão de genes pró-inflamatórios e minimizar os danos associados ao estresse oxidativo, especialmente em condições desafiadoras, como o calor excessivo.
Diversos estudos demonstraram a eficácia dos fitogênicos no desempenho e na saúde de ruminantes. Miller et al. (2011) avaliaram 107 bezerros holandeses alimentados com sucedâneo lácteo suplementado com um aditivo fitogênico (0,05% da MS), observando um aumento de 10,7% no ganho de peso (22,8 vs. 20,6 kg; P<0,10), uma melhora de 7,9% na conversão alimentar (2,10 vs. 2,28; P<0,05) e uma redução de 33,1% nos dias com diarreia (3,03 vs. 4,53 dias; P<0,05). De forma semelhante, Schieder et al. (2014) avaliaram 53 bezerros de corte suplementados com fitogênicos, registrando maior ganho diário de peso nos primeiros 21 dias (1,25 vs. 1,12 kg/dia; P<0,05) e uma tendência positiva aos 56 dias (1,43 vs. 1,33 kg/dia; P<0,10), além de melhorias numéricas na conversão alimentar e reduções nos casos de febre e diarreia.
Em situações de estresse térmico, Wickramasinghe et al. (2021) relataram que novilhas leiteiras suplementadas com 0,25 g/dia de fitogênicos apresentaram maior consumo diurno, melhor oxigenação sanguínea e uma tendência à redução de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo, sugerindo maior estabilidade fisiológica mesmo sob estresse (Figura 2).

Em condições tropicais brasileiras, Matos et al. (2023) conduziram um experimento com 114 bovinos nelore em recria, mantidos em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu durante a estação chuvosa. Os animais receberam um suplemento proteico (0,1% do peso vivo), com ou sem 0,6 g/dia de fitogênicos, durante 152 dias. Aqueles suplementados apresentaram ganho diário médio 10,4% superior e peso final 20 kg maior. Além disso, mostraram maiores concentrações de IgA e IgG, indicando melhor função imunológica da mucosa, e maior frequência de consumo, conforme registros em cochos eletrônicos (Figura 3).

Durante a fase de terminação, Piran Filho et al. (2021) observaram que a inclusão de fitogênicos em dietas de confinamento resultou em um aumento de até 15 kg no peso de carcaça, reforçando sua aplicabilidade em sistemas intensivos com dietas de alta concentração de energia. Microminerais, como zinco e cromo, também desempenham funções cruciais no metabolismo energético e na eficiência de crescimento. Budde et al. (2019) avaliaram o efeito de diferentes fontes e concentrações de zinco, em conjunto com cromo propionato, sobre o desempenho e as características de carcaça de novilhos em confinamento, evidenciando ganhos produtivos com essas combinações.
Baggerman et al. (2020) investigaram o efeito de níveis crescentes de cromo propionato (0,00; 0,15; 0,30 e 0,45 mg/kg de MS) durante 150 dias em novilhos confinados, observando aumentos lineares no ganho diário de peso e no peso de carcaça quente, sem alterações no consumo de matéria seca nem nos parâmetros séricos. Também foi identificado aumento na internalização de GLUT4 no músculo esquelético nos grupos com 0,30 e 0,45 mg/kg de cromo, sugerindo maior eficiência funcional.
Em outro estudo, Budde et al. (2019) demonstraram que a inclusão de cromo propionato (0,25 mg/kg de MS) juntamente com 90 mg/kg de zinco na forma de hidroxicloreto melhorou significativamente o peso final e o ganho diário, bem como o peso de carcaça, sem impactar a conversão alimentar.
Complementarmente, Adab et al. (2020) demonstraram que a suplementação precoce com zinco-glicina (100 mg/dia a partir do terceiro dia de vida) em bezerras holandesas reduziu significativamente os dias com fezes moles, melhorando a saúde intestinal. Esse grupo também apresentou maior ganho diário de peso (P = 0,04) e altura na cernelha ao final do período, reforçando o papel do zinco na promoção do desenvolvimento corporal em condições desafiadoras.
FOSBOVI® ADVANCE
Suplemento mineral enriquecido com ureia, Fosbovi® Advance é formulado para bovinos de corte em pastagens, com consumo médio de 40 a 60 g por 100 kg de peso corporal. Sua composição inclui microminerais na forma de carboaminofosfoquelatos de cobalto, zinco, selênio, cromo, manganês, cobre e enxofre, garantindo maior estabilidade e biodisponibilidade. Essa formulação contribui para o metabolismo, a imunidade e a saúde gastrointestinal. Seu efeito é potencializado pela inclusão do aditivo fitogênico Digestarom® Prime, conhecido por sua ação sobre a digestibilidade, a modulação da microbiota ruminal e a redução do estresse oxidativo, sendo especialmente útil em fases críticas como recria, transição estacional e estresse térmico.
A combinação de fitogênicos e microminerais orgânicos é uma estratégia eficaz para melhorar o desempenho, a saúde intestinal e a resposta imune de bovinos em pastagem sob condições tropicais. Essa ferramenta nutricional contribui para maior resiliência frente a desafios ambientais e produtivos, promovendo ganhos consistentes de peso e melhor eficiência alimentar, como demonstram estudos científicos e validações de campo.
Para atender a essa demanda por soluções nutricionais inovadoras e eficazes, a dsm-firmenich disponibiliza o Fosbovi® Advance, um produto pronto e desenvolvido especialmente para maximizar o desempenho e a saúde de bovinos em sistemas de pastejo tropical. Com uma formulação única que combina microminerais orgânicos de alta biodisponibilidade e o aditivo fitogênico Digestarom® Prime, o Fosbovi® Advance atua diretamente na melhoria da digestibilidade, na modulação da microbiota ruminal e na redução do estresse oxidativo.
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