ICCBC: Índice de Custos de Confinamento de Bovinos de Corte é mais uma ferramenta importante para gerir sistema

Thiago Bernardino de Carvalho
Pesquisador da Equipe de Pecuária do Cepea

O Índice de Custos de Confinamento de Bovinos de Corte (ICCBC), calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP, é mais uma importante ferramenta que auxilia na tomada de decisão de agentes de mercado. O ICCBC é um índice que tem como objetivo demonstrar o atual cenário brasileiro de dispêndios dentro do sistema de confinamento de boi de corte.

Os números índices têm como função demonstrar as variações relativas em valores, preços ou quantidade de um item e/ou de vários itens durante um período de tempo, o que possibilita traçar um panorama ao longo de anos. Neste contexto, no Brasil, alguns índices têm destaque, entre eles o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado), calculados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) é responsável pelo IGP (Índice Geral de Preços) e pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) (CARRARO, 2015).

O ICCBC, por sua vez, foi construído a partir da determinação dos principais custos do sistema produtivo de confinamento e teve como base os estados com a maior representatividade em termos de produção bovina no Brasil. Assim, este índice é formado pelos maiores dispêndios do sistema de confinamento que são: a reposição de animais e os gastos com dieta. Para isso, foram utilizados os valores médios mensais estaduais das diárias de dieta oferecidas aos animais confinados e os valores médios mensais estaduais do boi magro.

Análises iniciais e retrospecto

Diretamente ligado às expressivas elevações nos preços dos animais de reposição, com destaque para o boi magro, e também aos principais componentes das dietas, soja e milho, o ICCBC evidenciou que os custos dos confinadores subiram nos últimos quatro anos. Os dispêndios do sistema de produção aumentaram inclusive no ano de 2021, porém, na última comparação de maio de 2021 em relação a abril, o movimento foi de leve queda nos gastos da atividade, o que se deve ao recente enfraquecimento nos valores dos animais de reposição, apesar do aumento nos da dieta.

O ICCBC demonstrou que, de maio de 2018 a maio de 2021, em termos nominais, os dispêndios com a dieta do confinamento cresceram significativos 142,39% e os gastos com aquisição de animais, 123,40%, resultando em elevação de expressivos 125,48% dos gastos totais do confinamento.

Desde o início de 2021 (até maio), em termos nominais, os valores das despesas com dieta no confinamento aumentaram 27,18% e os gastos com a aquisição de animais, 14,84%, levando a um incremento de 13,24% dos gastos totais do confinamento. De abril para maio, especificamente, os gastos com a dieta do confinamento também estiveram em alta, de 3,79%, mas os gastos com a aquisição de animais caíram 4,1%, resultando na diminuição de 0,37% dos gastos totais do confinamento.

Em termos de estados confinadores, os que tiveram a maior alta no ICCBC, de dezembro de 2020 a maio de 2021, foram: Rio Grande do Sul (52,42%), Minas Gerais (24,36%), Mato Grosso (17,96%) e São Paulo (15,98%). Outro ponto que merece destaque são as inflações do Paraná, de Mato Grosso do Sul e do Tocantins, de respectivos 14,69%, 9,8% e 10,63%, no mesmo período. A Bahia foi a única região levantada em que o índice teve redução no período, de 4,45%.

Assim, foi possível observar que, devido ao aumento dos custos diários de dieta no confinamento e do aumento do preço dos animais de reposição, os dispêndios no sistema de engorda em confinamento de bovinos tiveram avanço significativo nos últimos anos.

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