Leandro Martins
Zootecnista
Account Manager – Revendas e Cooperativas
Coordenador de Equinos – Distrital MG, ES e RJ
Segundo dados da ESALQ/USP), o Brasil possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo. E o cavalo é umas das paixões dos brasileiros, envolvendo cultura, esporte e lazer. Por isso, no mercado atual, existe uma busca constante por uma alimentação que atenda às necessidades nutricionais desses animais e que possa contribuir para o seu máximo desempenho.
Antes de escolher os alimentos para a tropa, é importante entender que os cavalos passaram por processos de seleção e adaptação durante sua evolução, ocorreram incríveis mudanças anatômicas e fisiológicas que diferenciaram a sua nutrição de outras espécies herbívoras, principalmente os ruminantes. No seu processo de evolução, que durou milhões de anos, os equídeos mantiveram a nutrição baseada em forragens, com um hábito seletivo em que, naturalmente, sua alimentação foi capaz de suprir grande parte da demanda nutricional devido à adaptação do seu aparelho digestivo, garantida pela fermentação na região do ceco, que é bastante desenvolvida (NRC, 2007).
Falando da América do Sul e da sua diversidade de forrageiras, de solo, luminosidade, fertilidade e culturas, temos também a limitação climática. Esta influencia na oferta e na qualidade da pastagem, que não é capaz, desta forma, de suprir todas as demandas nutricionais da tropa durante o ano todo. Ou seja, não consegue suprir todas as necessidades nutricionais dos cavalos quando mantidos apenas a pasto (SANTOS et al., 1997).
Devido às características fisiológicas da espécie, a utilização de forragens na criação de equinos é indispensável. Atualmente, a conservação de forragens busca manter a qualidade do produto e permite que o alimento esteja disponível por maiores períodos e em épocas de escassez.
Em forragens conservadas com feno ou pré-secado, temos desafios na eficiência de colheita e no armazenamento, sendo necessário, na hora da aquisição, ter cuidado constante, principalmente para evitar riscos de contaminação por micotoxinas.
As pastagens ou mesmo as forragens usadas na nutrição dos cavalos devem ser aptas nutricionalmente ao cavalo. E o grande desafio é que, na maioria dos projetos, as forragens oferecidas a estes animais são desenvolvidas para ruminantes.
Quando falamos em suplementação de equídeos, o planejamento e a estratégia nutricional objetivam que a tropa possa consumir nutrientes provenientes de plantas forrageiras com fibras ótimas e, sempre que necessário, ser suplementada com fontes nobres de proteínas, energia e minerais com alta absorção.
Efeito da fibra sobre o comportamento de equinos
Quando avaliamos a espécie, as gramíneas constituem o principal componente na alimentação de cavalos selvagens, sendo 65% composta por gramíneas e sementes e o restante por plantas arbustivas (FLOURENCE et al., 2001; NRC, 2007). Apesar da preferência pelo consumo por algumas gramíneas, de modo geral, os equinos tendem a selecionar a forragem em função do estágio fisiológico da planta, principalmente aquelas em estágio inicial de crescimento em detrimento das plantas mais maduras (FLEURANCE et al., 2001). Cavalos estabulados e submetidos a dietas com baixa inclusão de volumoso ou que permanecem longos períodos em jejum estão mais propensos ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais (BUCHANAN & ANDREWS, 2003; VIDELA & ANDREWS, 2009), como as úlceras, que podem acometer até 91% dos cavalos da raça PSI em treinamento para corrida e 67% dos cavalos de enduro (MURRAY et al., 1996; NIETO et al., 2004;).
A fibra na dieta de cavalos atletas
Técnicas de alimentação apropriadas para cavalos de esporte podem influenciar em fatores determinantes para o desempenho esportivo e a manutenção da saúde do animal. Dentre estes fatores, podemos destacar o acúmulo muscular de coprodutos resultantes do metabolismo energético (lactato), prevenção à desidratação e o enchimento do trato gastrointestinal sobre o esforço exercido durante a atividade física (DANIELSEN et al., 1995; HARRIS et al., 1987).
Alimentos ricos em fibra de alto valor biológico têm um papel importante no metabolismo de equinos em atividade esportiva, reduzindo o risco da ocorrência de distúrbios metabólicos provocados pelo acúmulo de ácido lático e H+ e prevenindo contra a desidratação. No entanto, é importante avaliar o consumo de fibra nos dias que antecedem as competições de alta intensidade e baixa duração, para minimizar o efeito de enchimento do trato gastrointestinal e, consequentemente, uma possível perda de desempenho.
Temos um desafio em dietas com elevada suplementação de cereais ricos em amido. Estes alimentos que chegam ao trato intestinal passam a ter uma composição diferente daquelas dietas consumidas pelos cavalos na natureza. Por ter maior potencial fermentativo, o amido permite um maior crescimento da fauna microbiana no intestino grosso do cavalo e, por consequência, uma maior produção de ácidos graxos de cadeia curta (WILLING et al., 2009), em especial o ácido propiônico, um importante percursor da glicose (HINTZ et al., 1971).
Nas dietas compostas por amido, apesar dos benefícios proporcionados pela maior disponibilidade de substrato energético, há mais produção de ácido lático ou lactato. A produção de lactato está diretamente associada à acidificação do intestino grosso e a graves problemas metabólicos, como cólicas e laminites (JULLIAND et al., 2001). Ou seja, precisamos cuidar para que a dieta esteja balanceada e evitar a correção de nutrientes via amido de grãos, e sim com forragens com fibras de alto aproveitamento nutricional para o cavalo.
A dieta dos equídeos deve ser orientada em função do esforço fisico ao qual o animal está ou será submetido e à fase da criação. E sempre levando em conta a funcionalidade do animal (NRC, 2007). Afinal, ele é um atleta e tem alta demanda de energia, proteínas e eletrólitos.
A marca Tortuga, da dsm-firmenich, elaborou uma estratégia que pensa além da nutrição e dos seus requerimentos nutricionais: a suplementação deve buscar saúde e performance.
O Kromium Proteico é um suplemento que otimiza o consumo de forrragem pelo cavalo, sua proteína auxilia na correção das deficiências deste nutriente da fonte de fibras e confere segurança para as eventuais oscilações de níveis proteicos das forragens.