Fazer a estação de monta vale a pena!

Mesmo em um ano atípico, com seca prolongada e fortes geadas, uma estação de monta bem definida ajuda os pecuaristas a organizar a atividade da fazenda, contribui para a padronização do rebanho e, ainda, melhora a gestão e a rentabilidade do negócio!

Mylene Abud

Com o fim da seca e o início das águas, aproxima-se o momento mais importante do ano para a pecuária de cria, que é a Estação de Monta. Uma das melhores estratégias para garantir a base de um rebanho produtivo e padronizado, a EM é considerada o pilar da cria, primeiro elo da cadeia de produção da carne. Por esta razão, precisa ser bem definida e planejada com antecedência.  Mas, em um ano difícil como 2021, em que a seca prolongada e as geadas castigaram os pastos, fica a pergunta: será que vale a pena adiar o seu início?

Para o médico-veterinário Leonardo Souza, sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético, a resposta é não. “Nesses momentos de maior seca, quando temos problemas com os pastos, que afetaram principalmente Minas Gerais, São Paulo e o Sul do País com fortes geadas, e, no caso do norte de Goiás, que já vem de dois anos de poucas chuvas, há a tendência de os produtores aguardarem a recuperação dos pastos e o começo das chuvas para iniciar a EM. Mas, quando você faz isso, compromete a produção futura dos bezerros”, diz, explicando que, com esse atraso, perde-se a melhor época para os bezerros nascerem, que é de agosto a outubro, período que ajuda no desenvolvimento dos animais antes e após a desmama. “Nossa experiência mostra que, mesmo em situações mais difíceis, com estratégias como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é possível manter a estação de monta com menos chuvas, pois as vacas vão responder e parte delas irá emprenhar no início da estação”, afirma.

“2021 é um ano atípico, em que o período das águas não será de excelência para a EM, mas é o que temos. Dependemos totalmente do clima, e não temos o que fazer a não ser essa conciliação que, neste ano, apenas será um pouco mais difícil, porque as vacas vão ter perdido mais peso e, consequentemente, vão correr o risco de ter pior resultado”, fala o professor e pesquisador José Luiz Moraes Vasconcelos (Zequinha), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ – UNESP/Botucatu). Por outro lado, explica, a previsão é que haja chuvas boas. “Essa é a nossa  expectativa, porque, assim, as vacas vão se recuperar. Mas ainda estarão abaixo do desejado, pois perderam muito peso na seca”.

Mesmo se houver um certo atraso no início da estação de monta em razão da menor oferta de forragens, Luciano Morgan, gerente técnico nacional de Bovinos de Corte da DSM, ressalta que, além de olhar o pasto, é preciso atentar para o escore corporal das vacas e, se necessário, suplementá-las. “É sabido que, quando se trabalha com vacas com melhor escore corporal, ou seja, dentro da escala de 1 a 5 em gado de corte, os animais que têm o índice 3 vão ter melhor resposta reprodutiva”, pontua, lembrando que o manejo reprodutivo e a nutrição animal têm uma relação muito estreita. “Mesmo na época de forragens fartas, o animal só vai ter bons índices reprodutivos se tiver os requerimentos nutricionais atendidos em todos os seus desafios. Trabalhamos com um programa de suplementação anual, e não apenas nas águas ou na seca. Assim, podemos estabelecer as metas para cada categoria animal – novilhas, primíparas, vacas adultas – de forma a chegar na EM e entregarmos esses animais aptos à reprodução. E esse trabalho precisa ser construído ao longo do ano, e não apenas na estação de monta”, avisa (veja o Box para mais informações sobre nutrição).

ESTAÇÃO DE MONTA BEM DEFINIDA COMO ESTRATÉGIA
Independentemente das condições climáticas desafiadoras deste ano, os três especialistas ouvidos pelo Noticiário são unânimes em ressaltar a importância da estação de monta bem definida e planejada com antecedência pelos pecuaristas.

Segundo o professor Zequinha, uma das principais vantagens da estação de monta é organizar as atividades da fazenda, como o manejo reprodutivo. “Você sabe o dia em que começa e o dia em que termina o trabalho. Tem o momento de inseminar a vaca e o momento de nascer bezerro, então, você consegue focar o seu trabalho”.

Leonardo Souza também enfatiza a importância da estratégia para a organização das atividades na fazenda. “Se tiver um período de monta concentrado, o produtor terá, também, uma estação definida para o nascimento dos bezerros, que não vão nascer durante todo o ano, e os colaboradores da fazenda estarão focados em uma única atividade por vez. Isso melhora a qualidade do serviço e diminui até mesmo a mortalidade dos bezerros. A estação de monta é a base de um bom sistema de produção. Com ela, é possível verificar a saúde da fazenda”, afirma.

O médico-veterinário e consultor também salienta o papel da estação de monta para a melhoria genética do rebanho. “Em uma EM bem definida, você produz animais mais uniformes, com melhor desempenho, pois estes nascerão em um período planejado para ser mais propício a eles”, observa. E isso, explica, irá favorecer todo o desenvolvimento do rebanho. “Às vezes, o produtor usa a melhor genética, compra o melhor sêmen, os melhores touros de centrais e utiliza nessas vacas. E o grande desafio é maximizar a expressão dessa genética. E como fazer isso? É preciso dar condições, desde a época do nascimento até a fase adulta, para que o animal possa expressar todo o seu potencial genético”.

A opinião dos especialistas também é partilhada por Luciano Morgan: “A grande vantagem de se instalar uma estação de monta é dar oportunidade para os animais reproduzirem ao mesmo tempo. Hoje, até os protocolos de IATF, normalmente feitos por empresas terceirizadas e especializadas em reprodução, conseguem concentrar o trabalho de uma só vez na fazenda. Assim, a escrituração fica muito mais fácil”, explica. Além disso, prossegue, quando a propriedade instala a estação de monta, consegue identificar mais fácil as fêmeas vazias e tirá-las do rebanho. O mesmo acontece com os touros: quando a fazenda tem um período específico para a estação reprodutiva, consegue verificar também quais touros não estão deixando bons descendentes ou não estão sendo tão efetivos na EM, a fim de fazer os descartes ou a reposição. Isso vale tanto para a monta natural como a IATF. “E na parte de genética, como os animais nascem no mesmo período, tem como avaliar a evolução genética do rebanho, porque a interferência do ambiente é muito parecida. É diferente de você ter alguns bezerros nascendo em maio e outros em agosto”, pontua.

ENCURTANDO A EM
Se a importância da estação de monta é indiscutível tanto para a gestão do negócio como para a padronização do rebanho, a tendência das propriedades que já estão acostumadas a usar essa estratégia é concentrá-la no menor tempo possível, observando-se as características particulares de cada fazenda.

“Além da logística de trabalho, em uma estação de monta de 120 dias, os bezerros do cedo, aqueles que nascem nos 60 primeiros dias, normalmente são melhores do que os bezerros que nascem na segunda metade da EM, de 60 a 120 dias. Então, quanto mais curta for a EM, maior a probabilidade de ter bezerros com mais qualidade”, fala o prof. Zequinha, ressalvando que essa redução precisa ser definida individualmente pelas propriedades. “Se o produtor diminuir muito o tempo e as vacas não emprenharem, o período menor vai resultar em menos vacas prenhas. O ideal é sempre o equilíbrio”, assegura.

“Para mim, a estação de monta é o pilar da fazenda. Falo para os meus clientes que a primeira coisa que eles devem fazer é implantar uma EM e, depois, torná-la mais rápida e mais curta possível, para que a vaca produza um bezerro por ano. Isso tem uma lógica matemática. Geralmente, o período de gestação dura em torno de 290 dias, então, em um ano, você tem 75 dias para emprenhar essa vaca para que ela produza um bezerro por ano. Assim, só é possível produzir um bezerro por vaca ao ano se a sua estação de monta não passar de 75 dias. Imagina a uniformidade dos bezerros que vão nascer na sua propriedade!”, acentua Leonardo Souza.

Na opinião de Luciano Morgan, encurtar a EM é uma boa opção para que o pecuarista identifique rapidamente os melhores animais, aqueles que devem permanecer no rebanho. “Outra vantagem de uma EM menor, que dura em torno de 90 a 70 dias, é proporcionar um maior intervalo entre partos, mais tempo para a vaca voltar para a outra estação em melhores condições corporais.  Quando a vaca pare e está com o bezerro, ela tem todos os estímulos hormonais e é muito difícil entrar para a reprodução rápido, porque ela precisa de um tempo para a involução uterina. Se eu conseguir fazer com que, após a parição, as vacas tenham de dois a três meses para entrar em outra estação de monta, é o ideal”, analisa, observando que essa diminuição de tempo é recomendada para as propriedades mais maduras no manejo reprodutivo, no controle e na gestão do rebanho.

Para Leonardo Souza, da Qualitas, os produtores que fazem uma estação de monta de quatro meses não estão utilizando todo o potencial dos animais. “Em um primeiro momento, diminuir de 120 para 90 dias é muito fácil e rápido. O produtor consegue fazer isso em uma ou duas estações e tem um benefício muito grande. Por exemplo, as bezerras que nascem em uma EM mais concentrada, quando forem novilhas, vão estar mais aptas a emprenhar no início da estação e terão idades próximas. Na estação de monta de 120 dias, a diferença da primeira bezerra que nasce da última é muito grande, e as últimas ficarão desfavorecidas”, reitera.

Em um momento em que produtividade é a palavra-chave, muitos criadores já estão trabalhando nesse sentido. E maximizando ainda mais a estação de monta.

“Temos cerca de 50 fazendas parceiras e a busca delas é para diminuir a EM, passando para 75 dias na primeira fase, para ter a produção de um bezerro por ano por vaca, porque isso é uma vantagem produtiva extrema”, conta Leonardo Souza. “Existem propriedades que já estão diminuindo a EM de 75 para 64 dias, pois assim, quando começam a fazer a primeira inseminação, não há mais bezerros nascendo. E temos cliente, com fazenda menor, que já faz a estação de monta de 45 dias há seis anos. Então, ele consegue explorar o potencial genético de seus animais ao máximo. A gente não conhece casos assim no mundo, e temos um parceiro que faz aqui no Brasil”, elogia.

Leonardo explica que essa diminuição só é possível com o uso da IATF. “Em uma estação de monta de 64 dias, passo a ter bezerros em cerca de 84 dias; na de 45 dias, os nascimentos acontecem em cerca de 65 dias. Isso, do ponto de vista produtivo, de qualidade e uniformidade dos bezerros que o pecuarista irá desmamar, é uma vantagem muito grande”, assegura, apontando mais uma vantagem para a redução do período: “Se você iniciar o processo em 20 de outubro, no dia 23 de dezembro conseguirá encerrar uma estação de monta de 64 dias. Então, no Natal, todo mundo vai estar liberado para comemorar, e isso motiva os colaboradores.”

ESTRATÉGIAS PARA O FUTURO
Anos desafiadores em termos climáticos como 2021 já aconteceram antes. E vão se repetir. Mas existem estratégias para ajudar os produtores a se planejarem com antecedência, minimizando os problemas ocasionados pelas intempéries.

Segundo Luciano Morgan, a cria se mostrou vulnerável às situações climáticas, mas dá para se preparar para anos difíceis como este. “Há algumas estratégias que estão sendo utilizadas, como o uso de forragens conservadas ou estocadas, para que as fazendas não fiquem expostas a acontecimentos climáticos como tivemos neste ano. Também é muito importante que o pecuarista esteja com os lotes categorizados, para fazer trabalhos de suplementação nutricional específicos de acordo com o desafio de cada lote. Se tem animais mais magros, a gente consegue investir mais em nutrição; já em animais que estão melhores, não precisa desembolsar tanto”, frisa.

“A cria é uma atividade complexa, desafiadora e precisa de planejamento de acordo com o regime das chuvas”, comenta Leonardo Souza”. Em um ano de condições climáticas desfavoráveis, o pecuarista pode adotar estratégias na safra que ele desmamou para favorecer a condição das vacas. Ou seja, pode fazer a desmama mais precoce dos bezerros para liberar essas vacas em maio e junho, época que ainda tem pasto, para que esses animais possam recuperar a condição corporal. E, se for o caso, suplementá-las nesse período em que você tem uma resposta melhor do proteinado, por exemplo, porque ainda há uma certa qualidade de massa de folhagem disponível”, diz, ressalvando que o processo não pode ser desencadeado apenas no momento da estação de monta. “Se deixar para tratar os animais no início da EM, o custo vai ser muito mais elevado. Por isso, a EM deve ser muito bem planejada antes, na desmama das vacas que vão parir agora”, adverte.

“Temos que aprender com o que aconteceu. O sistema de cria mostrou ser muito vulnerável à ação do clima. Então, precisamos, de alguma forma, ter forragem armazenada para que, caso haja uma intempérie como está tendo neste ano, o sistema de cria não sofra tanto. Esse é o grande aprendizado deste ano. Pode ter geada, fogo, seca mais forte, e todo o meu sistema, o meu negócio, depende de forragem. E esta depende do clima. Então, tem que ter um pouco de forragem armazenada, para eu oferecer para os meus animais se necessário. Este é um ano em que temos que nos sentar, discutir e fazer coisas que não fazíamos normalmente, ver com os técnicos em nutrição e reprodução o que é possível fazer, porque está sendo um ano diferente”, ratifica o professor Zequinha.

COMO GARANTIR UM BOM ESCORE CORPORAL DOS ANIMAIS DO INÍCIO AO FIM DA E.M.?

Se tem pasto de qualidade e em quantidade, já é meio caminho andado para o sucesso da estação de monta, que, na maior parte do Brasil, acontece entre o fim de outubro e fevereiro. Mas, para garantir o sucesso dessa estratégia, um dos pilares da atividade de cria, é preciso planejar e trabalhar o ano inteiro.

“É muito importante fazer um trabalho prévio na estação seca para garantir que o rebanho recupere ou mantenha o escore corporal antes da estação de monta. É muito mais vantajoso economicamente você construir esse animal para chegar bem à EM, porque, se esperar o início da estação de monta para recuperá-lo, dificilmente irá conseguir”, alerta Luciano Morgan, gerente técnico nacional de Bovinos de Corte da DSM.

O manejo reprodutivo e a nutrição animal são totalmente interdependentes, explica o professor e pesquisador José Luiz Moraes Vasconcelos, o prof. Zequinha, da FMVZ – UNESP/Botucatu. “Para uma boa estação de monta, é preciso ter forragem disponível e de boa qualidade. É algo tão simples, mas, difícil conseguir, porque depende do clima. Vem uma seca maior, não tem forragem e a vaca não recupera o escore. Aí entra o trabalho do nutricionista da fazenda, o manejo adicional para gado de corte na parte de cria: suplementar a vaca, para que ela tenha um escore adequado”.

As opiniões são compartilhadas por Leonardo Souza, médico-veterinário e sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético: “Já está comprovado que o melhor é que a vaca atinja uma boa condição corporal antes do parto. E, ainda, é mais barato. Se você tem vacas cuja condição corporal não está adequada para o momento do parto, invista nelas antes. Se você fizer uma suplementação nesses animais entre maio e junho, vai ter menor gasto para melhorar a condição corporal dessas fêmeas. E a EM curta também ajuda nisso”, assegura.

“A programação fetal nada mais é do que dar condições para que a vaca tenha uma boa gestação e isso interfere no potencial genético. Se deixar para cuidar dos animais só na estação de monta, o gasto vai ficar muito elevado e o pecuarista não vai conseguir atingir o ideal. Ou seja, o que acontece na seca precisa ser planejado nas águas até o mês de junho”, complementa o especialista.

PARA CADA FASE, UM PRODUTO IDEAL
Independentemente das condições climáticas, a suplementação nutricional do rebanho, como afirmam os especialistas ouvidos pelo Noticiário Tortuga, deve ser pensada com antecedência, e não apenas no momento da Estação de Monta, considerando-se sempre os diversos cenários e de acordo com cada categoria.

Tecnologias como os exclusivos Minerais Tortuga, que permitem melhor desempenho reprodutivo e melhor performance, são exemplos de opções tecnológicas da DSM, conforme explica Luciano Morgan, gerente técnico da empresa.

NA SECA
Com perda de qualidade do capim, para manter o escore corporal animal, são indicados o Fosbovi Seca ou o Foscromo Seca.

• Para os animais que vão entrar em reprodução pela primeira vez (novilhas ou primíparas) e que estão em processo de desenvolvimento, a recomendação é o Fosbovi Proteico 35 com Monensina, com monitoramento do escore corporal.

• Se há um desafio maior ainda, no caso das novilhas precoces e precocinhas, o suplemento proteico-energético 25 M auxilia para que esses animais cheguem à primeira EM com peso adequado, para garantir bons índices reprodutivos.

• Nas águas, no início da EM e quando já há forragem verde, usa-se o Fosbovi Reprodução.

• E os touros também devem ser suplementados com o Fosbovi Seca no período seco e o Fosbovi Reprodução nas águas.

Lançada no final do ano passado, a nova solução da empresa, o Feproxi, já vem sendo utilizado em algumas propriedades. “Faz parte de um pacote tecnológico que tem como um de seus ingredientes o betacaroteno e deve ser usado 30 dias antes da estação de monta e 30 dias depois da primeira inseminação artificial, tanto para fêmeas como para touros. Estudos demostraram uma melhoria de 13% a 15% nas taxas de concepção na primeira IATF”, informa Luciano Morgan, ressaltando que a indicação é usar o Feproxi junto com o Fosbovi Reprodução ou adicionando o FEPROXI ao produto já utilizado na fazenda para a suplementação.

O gerente técnico da DSM também destaca a importância de o pecuarista focar a nutrição de bezerros e bezerras. “Depois do terceiro mês de vida, o leite não é suficiente para atender aos requerimentos nutricionais e temos lançado mão de estratégias, como o creep-feeding. Nessa fase, trabalhamos com o Fosbovinho Proteico ADE e, para aquelas fazendas que lidam com um produto de perfil maior de consumo, lançamos, neste ano, o Fosbovi Núcleo Boi Verde Prima, específico para bezerros em produção intensiva”, completa.

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