Família Muhl, modelo de sucessão

Edivan Jesus
Consultor Técnico Comercial RS – DSM      

São 85 vacas em lactação em um sistema confinado compost barn, com três ordenhas por dia e uma média de produtividade de 42 litros/vaca/dia ao longo do último ano. Assim é a rotina da família Muhl no Tambo Sitio Ipê, localizado no município de Victor Graeff, no norte do Rio Grande do Sul. Este vínculo com a produção leiteira começou em 2006, quando os proprietários, Rosalvo e Marli Muhl, incentivados pelo primogênito Eduardo, na época com 17 anos e recém-formado na Escola Agrícola, adquiriram duas novilhas holandesas prenhes.

A comercialização da produção de leite serviu como complemento de renda da família, que, na época, possuía um aviário e uma produção de grãos em 25 ha. O sistema de produção de leite a base de pasto com suplementação no cocho permaneceu até o ano de 2014, quando a propriedade já tinha 50 vacas em lactação e decidiu confinar os animais com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos proprietários, além de aumentar a produtividade por área, já que a terra era fator limitante para o aumento da produção e o número de animais.

Já em 2016, com o término da graduação em Medicina Veterinária, Eduardo passou a se dedicar exclusivamente à propriedade dos pais. Ao mesmo tempo, a propriedade encerrou as atividades avícolas e a produção de grãos, e passou a se dedicar apenas à pecuária leiteira. Em 2019, a filha caçula Mainara concluiu a graduação em Engenharia de Alimentos e também retornou à propriedade para seguir com os negócios da família.

Com a qualificação dos filhos e o desejo dos pais, a propriedade passou a ser gerida por uma visão empresarial com a gestão dos processos, das pessoas envolvidas, dos turnos de trabalho, das escalas e folgas de finais de semana, com o objetivo de manter a rotina arrojada de trabalho em ordenhas diárias, realizadas às três, às 11 horas e às 19 horas. Mesmo com esta organização do trabalho, a dedicação de todos os envolvidos sempre foi um ponto primordial ao sucesso da atividade, devido à intensidade demandada pela produção de leite.

Além da família na gestão e à frente dos negócios, a propriedade conta com três colaboradores que ajudam nas tarefas diárias. Tudo para manter a operação da propriedade, que hoje possui mais de 200 animais e cerca de 85 vacas em lactação. Todas as categorias estão confinadas: as vacas em lactação em Compost Barn e as bezerras, novilhas, vacas secas e pré-parto em um barracão com cama sobreposta.

Esta proporção de vacas em lactação é possível em razão da alta reposição, devido ao acentuado manejo reprodutivo realizado semanalmente, e da ajuda dos colares de monitoramento para detecção de cio e das atividades dos animais. É sabido que o rebanho de vacas em lactação está estabilizado devido ao tamanho do barracão desta categoria, visto que outro fator limitante é a produção de alimentos pela área de terra.

Em razão da severa estiagem no Rio Grande do Sul nos últimos dois anos, a produção diária de leite da propriedade variou de 3.300 a 4.000 litros/dia entre as estações inverno e verão. No último verão, foram realizados investimentos em um túnel de vento com aspersão e ventilação na pista de alimentação, possibilitando mitigar os efeitos do estresse térmico nas vacas em lactação. O resultado da adoção deste sistema possibilitou a manutenção da produtividade das vacas e, também, a melhoria do conforto, sendo possível observar o estímulo de mais vacas deitadas nos períodos mais quentes do dia.

Devido ao fato de os animais estarem confinados e basicamente o único volumoso da dieta ser a silagem de milho e as dietas estarem em constante desafio com altos teores de amido, as vacas são suplementadas com a tecnologia RUMISTAR que, já no início da utilização, proporcionou um incremento de 0,900 Litros de leite/vaca/dia. Além disso, no pré-parto, que é considerado pela família o “coração” da fazenda, os Níveis Ótimos de Vitaminas (OVN) presentes no Bovigold Pré-parto OVN e a tecnologia FEPROXI garantem uma rápida ciclicidade dos animais sadios no pós-parto.

Para os próximos anos, os desafios da propriedade da família Muhl são similares a de outros produtores da região: regularizar e aumentar os estoques de comida, principalmente de volumoso conservado, drasticamente afetado pela condição climática e que prejudica muito a produção leiteira do estado.

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