DSM e Embrapa Gado de Leite

Uma parceria de sucesso em prol de uma pecuária leiteira rentável e sustentável de ponta a ponta

Mylene Abud

Você já ouviu falar nas parcerias público-privadas? As chamadas PPPs são ações conjuntas entre órgãos governamentais e empresas, com o objetivo de somar recursos para acelerar a geração e a transferência de tecnologias, multiplicando seus resultados ao público. Uma verdadeira união de forças. E é exatamente isso que reúne duas potências do agronegócio no País: a Embrapa Gado Leite, um dos principais centros de pesquisas agropecuárias do Brasil, e a DSM, empresa global baseada em ciência, inovação e com expertise industrial para atender com excelência à demanda da produção de alimentos melhores e sustentáveis.

O convênio entre as duas empresas foi firmado em outubro de 2018 e prevê a atuação em três pilares: Pesquisa, Ensino e Extensão. E esta parceria tem no Campo Experimental José Henrique Bruschi (CEJHB) da Embrapa Gado de Leite, localizado em Coronel Pacheco/MG, seu grande laboratório para o desenvolvimento e o estudo de novas soluções voltadas ao setor leiteiro, além de ser a base para as ações de transferência de conhecimentos e tecnologias.

“A ideia dessa parceria surgiu porque queríamos ampliar os locais de pesquisa na América Latina e estar lado a lado com o principal órgão público do segmento de gado de leite. Em conjunto com a Embrapa, reiteramos nossa ação em prol de uma pecuária leiteira rentável e sustentável”, fala Marcelo Machado, Gerente Técnico de Gado de Leite Latam da DSM.

Elizabeth Nogueira Fernandes, Chefe-Geral da Embrapa Gado de Leite, afirma que as PPPs colaboram para que os conhecimentos e as soluções desenvolvidos pela empresa pública cheguem mais rápido e alcancem um número cada vez maior de pessoas, maximizando os resultados de sua adoção.  “Para termos sucesso nessa empreitada, acreditamos ser fundamental a busca de parceiros tendo por base um dos nossos valores essenciais, que é a conectividade, entendida como a interação com todos os estratos geradores de conhecimento e de tecnologia e com os beneficiários das tecnologias desenvolvidas por nós e nossos parceiros”, ressalta.

Transferência de Tecnologia

 A PPP entre a DSM e a Embrapa Gado de Leite engloba uma frente ampla, com ações de ensino, pesquisa e extensão, cuja principal meta é a transferência de conhecimentos e de tecnologia. E essa fusão em prol da ciência conta com a grande capilaridade da companhia para chegar rapidamente a toda a cadeia produtiva.

“A empresa privada é capaz de desenvolver soluções que possam ser produzidas em larga escala e que alcancem um grande número de produtores. Já o órgão de pesquisa público consegue auxiliar no desenvolvimento e testar as soluções, dando confiabilidade e segurança para seu uso no campo”, ilustra Cristina Cortinhas, Supervisora de Inovação e Ciência Aplicada da DSM. “Essa transferência tanto de conhecimentos como de tecnologias ocorre não apenas localmente, mas também para todo o Brasil e, até mesmo, outros países”, corrobora Marcelo Machado.

A opinião é partilhada por Elizabeth Fernandes: “Tanto a Embrapa como a DSM estão presentes em todo o País, assim como a pecuária de leite que é desenvolvida em quase todos os municípios brasileiros. Nessa parceria, o foco principal é a alimentação animal, que é o principal componente do custo de produção de leite, e que tem sido uma grande preocupação dos produtores com o cenário de elevação constante dos custos vivenciado nos últimos anos. “Essa soma de esforços e de estruturas da Embrapa com a DSM, em um tema de extrema importância para a cadeia, permite potencializar a transmissão de conhecimentos, fazendo com que as soluções geradas, que têm poder de impactar positivamente a atividade e a vida dos produtores de leite brasileiros, cheguem ao maior número possível de interessados”, completa Denis Teixeira da Rocha, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologias da Embrapa.

Ensino e Extensão

Com o propósito de difundir a ciência, gerar conhecimento e transferir tecnologia, os três pilares – Ensino, Pesquisa e Extensão – se entrelaçam e são indissociáveis.

Na área de Ensino, a parceria entre a DSM e a Embrapa Gado de Leite foca a atuação conjunta para complementação da formação de estudantes universitários e a preparação de futuros profissionais do agro brasileiro. “Esse trabalho é realizado na fase de estágio obrigatório para a conclusão de curso, por meio de treinamento especializado de curta duração, buscando apoio para a formação de profissionais mais preparados para atuar em um mercado cada vez mais tecnológico e dependente de conhecimentos”, conta Denis Teixeira da Rocha, da Embrapa.

Marcelo Machado, Gerente Técnico de Gado de Leite Latam da DSM, acrescenta que os estágios são muito procurados, e que eles recebem cerca de dois mil currículos por ano de estudantes de todo o País, das áreas de Zootecnia e Veterinária. “Desde o início do convênio, já formamos três turmas de estágio regular ou de férias. Os selecionados executam diversas atividades no Campo Experimental incluindo ações de pesquisa, como, por exemplo, atuando no desenvolvimento de um produto novo e no próprio projeto de modernização da fazenda do Campo Experimental, que passou a contar recentemente com um novo sistema de produção de alta tecnologia, como cross ventilation”, explica.

Já na parte de extensão, o foco são os dias de campo e as palestras, que incluem a realização de eventos conjuntos e a participação de representantes da Embrapa Gado de Leite em eventos da DSM voltados a produtores. “Até o momento, já realizamos dois dias de campo: um presencial, no Campo Experimental da Embrapa com a participação de 300 pessoas, e um digital. Neles, levamos informações sobre pesquisas e boas práticas de manejo e nutrição, para inspirar outros produtores para uma pecuária leiteira de melhor qualidade e mais produtiva”, conta Marcelo Machado.

“O 3º Dia de Campo on-line Embrapa – DSM (Resultados e nutrição em Compost Barn), realizado em outubro de 2021, recebeu até o momento 790 visualizações no canal da Embrapa (https://www.youtube.com/watch?v=oKETQ1tbXAs) e mais de 400 no canal da DSM no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=EQA9h1WYCUw). O interessante do on-line é justamente deixar o conteúdo disponível para acesso posterior”, complementa Denis Teixeira da Rocha.

Fazenda Experimental da Embrapa

A Fazenda Experimental da Embrapa conta com sistemas de produção de leite a pasto e confinado, sendo este último, um compost barn do tipo túnel de vento (cross ventilation) que ~são referências para técnicos, produtores e outros agentes da cadeia para geração e transferência de conhecimentos e tecnologias.

No manejo alimentar do rebanho leiteiro destes sistemas de produção, a DSM é responsável pela mineralização e pelo acompanhamento nutricional em parceria com os profissionais da Embrapa, em busca de um equilíbrio entre ótimos resultados econômicos, sustentabilidade, produtividade, longevidade e bem-estar dos animais. “A fazenda tem instalações tanto para animais confinados como a pasto. No sistema de cross ventilation, as vacas são criadas em um, ambiente controlado que garante uma temperatura média de 25ºC. E as camas, cujo material tem como base a serragem, têm profundidade inicial de 50cm e são reviradas duas vezes ao dia”, comenta Carlos Giovani Pancoti, Consultor Técnico Comercial que atua em Minas Gerais.

No barracão, as vacas são divididas em lotes: pré-parto (novilhas e multíparas), pós-parto, alta e média produção. Monitoradas por colares detectores de movimento (reprodução, doenças, conforto e nutrição), elas são ordenhadas duas vezes ao dia e recebem bST a cada 14 dias.

Total de vacas (média por ano): 95

  • Média de leite 2022: 35L/cab/dia
  • Total de leite/dia: 3325L
  • DEL médio: 180
  • Qualidade do Leite: CCS 190 mil, Gordura 3,73% e Prot 3,40%
  • Taxa de Serviço: 50%, Taxa de Concepção: 35% e Taxa de Prenhez: 18%
  • Ganho Médio Diário (GMD) de cria: 950g
  • GMD de recria: 800g
  • Idade ao primeiro parto: 24 meses

“Os animais são alimentados com dieta à base de silagem de milho como volumoso principal, silagem de capim elefante BRS Capiaçu ou feno de tifton como volumoso auxiliar, milho fubá, farelo de soja, caroço de algodão e núcleo mineral vitamínico, como o Bovigold® Crina® Rumistar™. E, no pré-parto, utilizamos dieta aniônica (Bovigold® Pré-Parto Plus)”, prossegue Pancoti, destacando, ainda, alguns dados obtidos: as vacas apresentam com eficiência alimentar de 1,6 (litros de leite/Kg de matéria seca) e nitrogênio ureico (NUL) com valor médio de 14mg/dL.

Quanto à saúde do rebanho, observou-se diarreia bem controlada, retenção de placenta abaixo de 13% (total), 8% (real, sem aborto, natimorto e distocia), metrite próximo a 25%, cetose baixa (<1% clínica e subclínica 22%) e mastite inferior 3% a.m. “E todos esses índices zootécnicos são considerados excelentes”, ressalta Pancoti.

“A pecuária atual passa por grandes transformações e, cada vez mais, exige do produtor e das empresas do setor, tecnologias capazes de gerar maiores benefícios à toda a cadeia do leite. E o produtor passa por grandes desafios na busca do melhor retorno econômico, juntamente com as exigências do mercado. Na ponta, os consumidores estão mais exigentes por produtos de maior qualidade e de menor impacto socioambiental. Portanto, essa parceria entre a DSM e a Embrapa Gado de Leite é fundamental para alavancarmos essa proposta e um caminho de benefícios para toda a sociedade”, finaliza o CTC da DSM, Carlos Giovani Pancoti.

 Pesquisa

 Cristina Cortinhas e Elizabeth Fernandes ressaltam que as pesquisas científicas conjuntas entre a DSM e a Embrapa Gado de Leite têm como foco observar os resultados da suplementação de minerais, aditivos e vitaminas para melhorar a eficiência produtiva e a saúde animal. Além disso, os experimentos também visam a potencializar o efeito de uma dieta balanceada na produção de leite e a saúde das vacas frente a situações desafiantes, como o estresse térmico, por exemplo, buscando minimizar seus impactos negativos no desempenho.

 As pesquisas são realizadas principalmente no Laboratório Multiusuário de Bioeficiência e Sustentabilidade da Pecuária (LMB), que fica no Campo Experimental José Henrique Bruschi (CEJHB), em Coronel Pacheco, dotado de uma infraestrutura de galpões e laboratórios, compondo 21 unidades com capacidade de alojamento para 400 animais, entre pequenos e grandes ruminantes.

“Até o momento, já foram realizadas cinco pesquisas conjuntas entre a DSM e a Embrapa Gado de Leite, incluindo as soluções Crina® Ruminants, Ronozyme® Rumistar™ e Hy-D®, e já temos mais uma programada para 2023, para a avaliação de novas tecnologias mitigantes de estresse calórico”, anuncia a Supervisora de Inovação e Ciência Aplicada da DSM, Cristina Cortinhas. Ela acrescenta que os principais resultados até o momento são melhoras na eficiência produtiva, na eficiência alimentar e na saúde da vaca.


Embrapa Gado de Leite

A Embrapa Gado de Leite é uma das 43 unidades descentralizadas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Sediada em Juiz de Fora/MG, possui campos experimentais em Coronel Pacheco/MG e Valença/RJ.

A Unidade tem se consolidado como referência mundial em pesquisas para pecuária leiteira de clima tropical, resultado dos conhecimentos e tecnologias inovadoras para o setor produtivo, que se traduzem em ganhos para toda a sociedade.

Sua atuação abrange soluções para toda a cadeia produtiva, tendo como destaques as áreas de produção animal, nutrição, ambiência e bem-estar para a produção nos trópicos, melhoramento genético e biotecnologias da reprodução em raças zebuínas, desenvolvimento e manejo de forrageiras tropicais, biosseguridade e qualidade do leite, além de sistemas integrados de produção e sua bioeficiência e estudos econômicos e de competitividade do setor.

As tecnologias e os conhecimentos gerados na Embrapa Gado de Leite são transferidos à sociedade por intermédio dos técnicos de assistência e extensão rural, dos estudantes das Ciências Agrárias, dos produtores rurais e de outros integrantes do agronegócio do leite. Este fluxo permite que a pesquisa em bovinocultura de leite e o setor produtivo se mantenham em constante interação.

Para a execução de suas ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação, a Embrapa também firma parcerias com a iniciativa privada (como a DSM) e com outras instituições do setor público, com o objetivo de gerar e compartilhar soluções tecnológicas de modo a promover a inovação no setor. Para a empresa, as parcerias são um poderoso instrumento para geração e disseminação de soluções para acelerar o desenvolvimento da pecuária leiteira no Brasil.

A Embrapa Gado de Leite utiliza a estrutura de seus 12 laboratórios instalados na sede e do Laboratório Multiusuário (LMB) e sistemas de produção em seus dois campos experimentais para a implantação e a execução dos projetos de pesquisa, além da transferência de conhecimento e tecnologias a agentes de assistência técnica, extensão rural, estudantes, produtores e profissionais do setor. Os resultados gerados na Embrapa são parte relevante do conhecimento que faz do Brasil referência mundial na produção de leite em regiões tropicais que permitiu ao País se consolidar como o terceiro maior produtor de leite do mundo.

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