Cresce o número de confinamentos na Paraíba

Liberato Lins de Oliveira
Supervisor comercial da DSM

Erick Edson Paiva da Silva
Consultor técnico em confinamento, Graduado em Zootecnia e Mestre em Produção e Nutrição Animal pela UFPB

A prática de confinar bovinos tem se tornado cada vez mais frequente no estado da Paraíba. Um dos motivos é a valorização da arroba e a diminuição do tempo do processo de engorda dos animais. Essa atividade se apresenta como uma alternativa para que as propriedades rurais aumentem a sua renda e tenham um retorno econômico mais rápido, principalmente quando se trabalha para comercializar os animais na entressafra, por ter preços mais atrativos.

Nos últimos anos, a criação em sistema intensivo tem crescido em todo estado e pequenas propriedades estão optando por esse regime de engorda animal, que tem como suas principais vantagens a redução da idade de abate, melhorias no rendimento de carcaça e na qualidade da carne, ofertar no período de escassez do produto e retorno mais rápido do capital investido.

O grande trunfo dos produtores paraibanos é a produção de forragem no período das águas, conservando-as em forma de silagem, garantindo, assim, um produto de alto valor nutricional. Para se ter sucesso no confinamento, é fundamental a utilização de tecnologias que visam a aumentar a produção animal, como a aquisição de animais com qualidade genética superior, o bem-estar animal, o manejo sanitário preventivo e a nutrição adequada, respeitando os índices proteicos, energéticos e minerais.

Um exemplo de sucesso na prática de confinamento no estado é a Fazenda 4 Irmãos, no município de Gurinhém.  Administrada pelo sr. João Honorato, que trabalha com confinamento há mais de 10 anos, a propriedade tem estrutura com capacidade estática para 1.200 animais.

Mesmo com a valorização da arroba, o produtor conta que enfrentou dificuldades em 2021 devido à baixa pluviosidade e à limitada produção de forragem, sendo necessária a compra de silagem de terceiros para manter seus animais no cocho. “No ano passado, o custo de produção chegou a aumentar devido à compra de forragem para manter a produção”, relata, explicando que a conta só fechou graças ao ganho de peso diário, que passou dos 1,3kg/carcaça, à busca por alimentos alternativos e ao uso de suplemento mineral, que ajudou a proporcionar um melhor rendimento de carcaça. “Para termos esse bom resultado, passamos a ver nosso confinamento como uma empresa que tem que gerar lucros, e um bom gerenciamento faz parte desse processo de profissionalização”, explica o sr. João Honorato.

Para o ano de 2022, ele aguarda uma temporada de chuvas abundantes, para poder utilizar sua área de 200 hectares de forragem. “Esperamos um inverno mais duradouro para explorar o máximo de nossa área de capim de corte e estamos com a semente pronta para plantar sorgo e fazer silagem, que é a base da nutrição de nossos animais. Durante o período das chuvas, não confinamos, focamos todas as nossas atenções e trabalho em estocar forragem para confinar os animais no período seco”, ensina.

Localizada na cidade de Mari, a propriedade do sr. Alberis Heyder, com uma área de cinco hectares, trabalha com o confinamento de 30 animais. E ele já tem planos para dobrar a produção, pois o sistema vem tornando a atividade pecuária da sua fazenda mais profissional.

“Reduzir o tempo dos animais na etapa de engorda, proporcionar às pastagens um descanso no período mais crítico do ano, que é o período seco, e permitir que pequenas propriedades elevem seu faturamento com aumento do plantel e da rotatividade são consequências da intensificação da atividade, além de melhorar a receita da propriedade e torná-la mais produtiva”, fala o sr. Alberis sobre os benefícios do sistema. Ele lembra que, durante o ano de 2021, devido à pandemia de Covid-19, o mercado do boi gordo sofreu bastante com as oscilações do preço da arroba e dos insumos para a produção, tornando a atividade mais cara. “Dessa forma, ficou clara a necessidade de profissionalizar a atividade”, enfatiza.

Já para 2022, ele destaca novas adversidades a serem vencidas: “Acredito que os principais desafios a enfrentar serão voltados para o mercado interno. O mercado da reposição está com tendência de baixa nas ofertas e isso, consequentemente, interfere no preço da arroba e na qualidade dos animais. Já sobre o mercado internacional, se a guerra a Rússia e a Ucrânia perdurar, podemos sofrer com a inflação dos insumos, em razão das dificuldades em honrar os acordos comerciais celebrados pelos países antes do início do conflito”.

Entre tantos outros exemplos, o estado da Paraíba mostra aptidão para a prática da pecuária intensiva, seja de confinamentos maiores, como o da Fazenda 4 Irmãos, ou menores, como do sr. Alberis. Isso torna claro que é possível produzir com eficiência e, ainda, ter a vantagem competitiva de confinar animais em um período maior do ano devido ao menor período de chuvas na região.

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