Confinamento ratifica a importância na pecuária e deve crescer em 2025

Dr. Thiago Bernardino de Carvalho
Coordenador técnico da Pecuária Cepea
cepea@usp.br

O que acontece no “dentro da porteira” da pecuária brasileira atrai cada vez mais o interesse do mundo. As influentes projeções do USDA, “ministério” da Agricultura dos Estados Unidos, apontam menor produção de carne bovina em países de peso no setor. Para o Brasil, é esperada queda de 0,84% em comparação ao recorde de 2024. Modelos estatísticos do Cepea também apontam para a diminuição neste ano. 

Apesar dessa expectativa para a oferta agregada do país, a produção em confinamentos deve seguir em alta. Os cálculos mais atuais do Cepea, em parceria com a dsm-firmenich, mostram que o volume de animais confinados em março estava 13,7% superior ao do mesmo período de 2024. Com isso, a participação de animais de confinamentos no total abatido deve subir para 20,94%. Esta marca representará uma pequena recuperação ao patamar de 2024, que foi o menor dos últimos cinco anos. 

Figura 1 – Animais confinados, animais abatidos e participação do confinamento no total

Fontes: dsm-firmenich e IBGE; elaboração Cepea

Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2025) mostram que, no ano passado, foram abatidas no Brasil 39,195 milhões de cabeças, volume 16% superior a 2023 e 13,7% maior que o de 2013, antigo recorde. Em termos absolutos, em 2024 foram abatidas 5,4 milhões de cabeças a mais que em 2023. 

O abate desses animais gerou a produção de 10,238 milhões de toneladas de carne (carcaças), 14,5% a mais que do ano anterior. A produtividade, no entanto, foi a menor dos últimos cinco anos, na média de 260,8 quilos por animal, evidenciando o papel dos animais de confinamento.

Figura 2 – Animais abatidos e produtividade de carne por animal

Fonte: IBGE; elaboração Cepea

Dados da dsm-firmenich analisados pelo Cepea mostram que o volume de gado confinado em 2024 atingiu o total de 7,38 milhões de cabeças, recorde, 2,4% superior a 2023, mas, como mostrado na figura 1, esses animais não chegaram a 21% do total abatido.

A valorização da arroba do boi gordo, a partir de 2019, estimulou pecuaristas a buscarem a engorda mais intensiva, especialmente de animais mais jovens, aproveitando o cenário de precificação maior vindo do mercado chinês. 

A participação de animais abatidos provenientes do confinamento era de apenas 12% no ano de 2018, chegando a 20,94% em 2024. É interessante notar que, em 2021, o rebanho confinado representou 24,42% do total, praticamente um a cada quatro animais abatidos. 

Naquele ano, o rebanho bovino esteve relativamente pequeno, reflexo do abate de fêmeas em 2018 e 2019, e os preços do milho estavam favoráveis ao consumo. A engorda em confinamento ajudou a elevar a produtividade da pecuária brasileira, que atingiu o recorde de 270,1 kg/animal.

Para os próximos anos, fica a expectativa sobre a oferta de bezerros e bois magros. Em 2024, foram abatidas 2,84 milhões de fêmeas (vacas e novilhas) a mais que em 2023, aumento de 20%. Em 2023, comparado a 2022, outras 2,9 milhões de potenciais matrizes já haviam sido tiradas do rebanho, conforme dados do IBGE. O segmento de cria vem tendo ganhos importantes de produtividade, mas a intensidade dos abates de fêmeas vai refletir, em alguma medida, na produção de curto prazo. Com a demanda para exportação bastante aquecida, as negociações pecuárias ao longo de março já sinalizaram que há mais chances de o ano ser de preços firmes do que de baixa.

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