Tecnologia ajudou pecuaristas a enfrentar as adversidades em outro ano difícil
2023 foi mais um ano desafiador para a pecuária brasileira, que teve como pano de fundo um mundo inflacionado pós-pandemia, os conflitos armados e a questão climática, com tornados e ondas de calor cada vez mais intensas refletindo no mercado de commodities, a despeito da produção recorde de grãos. A avaliação foi feita pelos executivos da dsm-firmenich em seu tradicional encontro de fim de ano com a imprensa, realizado no dia 27 de novembro, na capital paulista.
Apesar dos percalços, Sergio Schuler, Vice-Presidente de Ruminantes Latam da companhia, destacou a grandiosidade do setor no país que, em conjunto com a agricultura, deve responder por 24,4% do PIB nacional (Cepea/CNA). Dados de levantamentos feitos pelo IBGE, a ABIEC e o Cepea, deixam essa magnitude clara: a produção de carnes no Brasil bateu recorde no período de janeiro a setembro deste ano (último período analisado), com total de 6,39 milhões de toneladas produzidas, um aumento de 8,37% em comparação com o mesmo período de 2022 e 4,5% a mais em relação ao recorde anterior, registrado em 2019. No terceiro trimestre de 2023, houve aumento de 11% em abates e de 9% na produção de carne bovina. Além disso, o Brasil contabilizou o número recorde de 234,4 milhões de cabeças em 2022, crescimento de 4,3% em relação ao período anterior, que garante ao país o segundo maior rebanho do mundo. E com mais de 1,6 milhão de toneladas de carne bovina in natura exportadas no acumulado de 2023, o Brasil continua liderando o ranking.
Mesmo com pequenos recuos, os números da pecuária leiteira também impressionam, com 15,7 milhões de cabeças ordenhadas (-1%) e 34,6 bilhões de litros de leite produzidos (1,6%) em 2022.
“A pecuária de corte e de leite tem se mostrado essencial ao desenvolvimento do nosso país. Tivemos uma série de desafios ao longo deste ano, que foram tratados com muita resiliência e cuidado pelos produtores, os verdadeiros protagonistas do nosso setor”, salientou Sergio Schuler, Vice-Presidente Ruminantes Latam da dsm-firmenich.
Segundo ele, a chave para enfrentar os desafios, e que já vem sendo adotada pela maioria dos pecuaristas, é a tecnologia, ferramenta indispensável para impulsionar os resultados em produtividade, eficiência e rentabilidade. “Muitos produtores passaram a entender melhor a importância de usar tecnologias nas fazendas, incluindo suplementação adequada para os animais se tornarem mais produtivos e saudáveis durante todo o ciclo. O futuro não é amanhã, é agora, e a tecnologia, junto com a ciência, está aqui para trazer mais produtividade”, ressaltou.
Pecuária de corte
Para o boi gordo, 2023 foi marcado pela virada do ciclo pecuário, com agravantes como o surgimento de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “mal da vaca louca”, no Pará, o que provocou o embargo chinês ao produto nacional, além de preços menores para exportação. “Por outro lado, abrimos mercados importantes, como Indonésia e México, e passamos a exportar mais para os Estados Unidos”, destaca Sergio Schuler, que estima haver boas oportunidades para a carne bovina no mercado nacional e Internacional para 2024 e os anos seguintes.
Também durante a coletiva de imprensa, foram divulgados em primeira mão os números da terceira e última rodada do Censo de Confinamento 2023 da dsm-firmenich, que contabilizou 7,029 milhões de bovinos confinados no ano, estabilidade em comparação a 2022. “O confinamento é uma ferramenta estratégica e uma tendência que contribui para melhorar a produtividade do rebanho. Os pecuaristas brasileiros estão percebendo isso e se movimentando para adotar as altas tecnologias que temos disponíveis no mercado e, ao mesmo tempo, adequando as suas fazendas para receber essas soluções”, afirmou Hugo Cunha, Gerente Técnico Latam de Confinamento da dsm-firmenich.
Censo de Confinamento da dsm-firmenich aponta estabilidade e registra 7 milhões de bois confinados em 2023
Um rebanho de 7,029 milhões de bovinos confinados em 2023, que aponta para uma estabilidade em relação ao ano passado, mas representa uma alta significativa de 46% frente ao primeiro levantamento, em 2015, que registrou 4,75 milhões de bovinos produzidos no sistema intensivo. Esse foi o montante registrado na terceira e última rodada do Censo de Confinamento da dsm-firmenich 2023, estruturado anualmente pelo Serviço de Inteligência de Mercado da companhia.“Já são nove anos de realização do Censo, que conta com a participação de cerca de 600 colaboradores a campo, avaliando presencialmente mais de 2.400 confinamentos de clientes e não clientes”, ressalta Hugo Cunha, gerente técnico Latam de Confinamento da dsm-firmenich.
Segundo ele, na primeira rodada do Censo, em abril, havia expectativas de uma pequena retração. Na segunda, realizada em julho, a safrinha projetou uma margem de crescimento. No entanto, a terceira e última rodada do ano, em novembro, confirmou a estabilidade em relação a 2022.
Também de acordo com o Censo da dsm-firmenich, os estados líderes em número de animais confinados em 2023 foram Mato Grosso, com 1,47 milhão de cabeças (+3%), liderando o ranking; São Paulo, com 1,19 mi (-6%); Goiás, com 1,3 mi (-1%); Minas Gerais, 820 mil (+8%); e Mato Grosso do Sul, com 730 mil (-20%). Entre os destaques positivos, a Bahia conquistou a sétima colocação, passando de 180 mil animais confinados em 2022 para 230 mil neste ano, uma alta de 28%.
Entre as práticas adotadas pelos confinadores, que mostram a evolução do sistema no país, estão:
- A modernização do parque de máquinas;
- A adequação das estruturas de currais e piquetes;
- O uso da nutrição de precisão (gestão do confinamento por indicadores, dietas mais desafiadoras e manejo coxo limpo);
- Lagoas para a contenção de efluentes (em adequação à legislação ambiental);
- Foco em sustentabilidade e no bem-estar animal.
“O confinamento veio para ficar. Até 10 anos atrás, o abate de animais confinados representava de 8 a 10% do total do país; atualmente, são 25%”, informa. “Olhando para o mercado futuro, vemos a possibilidade de retornarmos aos patamares de crescimento relatados pelo Censo em 2019 e 2020, que foram excelentes para os confinadores, com valores recordes de R$ 303 até R$ 737 por animal confinado”, estima Hugo Cunha
Gado de Leite
Segundo Fabiana Fontana, especialista de mercado da área de Ruminantes da dsm-firmenich, 2023 foi um ano atípico para a pecuária leiteira, marcado por sucessivas quedas de preços devido ao aumento da disponibilidade interna, às
importações fortes do Mercosul e à queda no consumo interno. Tudo combinado com as condições climáticas, com seca e calor no Sudeste e Centro-Oeste e excesso de chuva no Sul. “A expectativa para 2024 é que haja maior consumo de leite e derivados no mercado interno devido à melhora no nível dos empregos”, observou.
Já Marcelo Machado, Gerente Técnico de Gado de Leite, destacou as medidas adotadas pela companhia para ajudar os produtores de leite a aumentarem a rentabilidades e a sustentabilidade, mesmo em tempos difíceis. “Os produtos da linha Bovigold® foram reformulados, tornando-se ainda mais eficientes e prontos para atender aos novos e desafiadores requisitos da pecuária leiteira moderna”, informou.
Na sequência, citou a consolidação do Lactour, realizado desde 2019 nos moldes do Tour de Confinamento, que leva conhecimento técnico e informações em eventos sediados nas três principais bacias leiteiras do país: Goiás, Minas Gerais e Paraná. E o benchmarking de leite, feito anualmente com cerca de 60 fazendas, com o objetivo de levantar dados e correlacionar as boas práticas na atividade.
Outra iniciativa apontada por Marcelo Machado é o Programa Qualidade do Leite, cuja final nacional de 2023 aconteceu no início de dezembro, em São Paulo/SP. O programa já teve 12 edições, que passaram por 15 estados, avaliando 22.265 fazendas e 1.768.322 animais em lactação, com a distribuição de 60 prêmios (veja a cobertura completa na seção “Especial”).
Previsões para 2024
No próximo ano, estima-se que o mercado internacional continuará aquecido, em razão da falta de carne ao redor do mundo, da redução na produção nos Estados Unidos e da aproximação cada vez maior dos mercados japonês e sul-coreano. Por sua vez, o consumo interno deverá aumentar com a melhora na renda e os incentivos do Governo (IBGE/Abiec/Cepea).
Segundo Túlio Ramalho, Diretor de Vendas da dsm-firmenich, entre os desafios que podem afetar os pecuaristas em 2024 estão a permanência do fenômeno El Niño até abril, provocando atraso nas chuvas e no plantio de grãos, além de baixa produção de pasto nas águas. Mas, passado esse período, as perspectivas são positivas. “Avaliamos que o mercado interno da carne continuará aquecido, com valor da arroba em torno de R$ 250 no primeiro semestre e de R$ 260 no segundo semestre. E, para a pecuária leiteira, o crescimento do PIB deve melhorar o consumo de leite”, avisou.
Para ajudar ainda mais os produtores a prosperarem na atividade independentemente das condições de mercado, a dsm-firmenich já está trabalhando na continuidade da inovação do segmento leiteiro e na renovação da linha de produtos para confinamento. “Dessa forma, o produtor consegue driblar a flutuação de preços com nutrição e tecnologia”, explicou Hugo Cunha.
“Neste ano, lançamos a campanha ‘Porteira para o Futuro’ e demos início a uma nova categoria, que inclui soluções integradas de tecnologia (FarmTell), consultoria e nutrição de ponta, uma proposta única de pecuária de precisão que dá ainda mais tração ao nosso portfólio”, comentou Vanessa Porto, Diretora de PMI (gerenciamento de projetos) e Inovação Digital da companhia sobre o lançamento, cujos detalhes estão em nossa Matéria de Capa.
“Esse conceito de pecuária de precisão representa mais um avanço no compromisso da dsm-firmenich de criar soluções inovadoras que atendam às necessidades e demandas de um mundo em constante evolução”, arrematou Sergio Schuler, lembrando que 2024 será um ano icônico, com a celebração dos 70 anos da marca Tortuga!
Novo Head de ANH da dsm-firmenich
No encerramento do encontro com os jornalistas, Sergio Schuler anunciou mudanças na estrutura corporativa Brasil/Latam da dsm-firmenich, com a união das áreas de Ruminantes e Monogástricos e uma nova liderança em Nutrição e Saúde Animal, a cargo de Luiz Fernando Magalhães.
Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com pós-graduação em Marketing e Negócios pela PUC-Rio e MBA Business pela COPPEAD (UFRJ), o executivo tem experiência consolidada de aproximadamente 30 anos em empresas multinacionais de renome, como Reynolds Packaging Group, Tetra Pak, Amcor Pet Packaging e Owens Illinois. Na companhia desde 2017, Luiz Fernando atuou como Vice-Presidente de Nutrição Humana para a América Latina até assumir, em março de 2021, a posição de líder de ANH (Animal Nutrition and Health) Latam, concentrando-se em monogástricos (avicultura, suinocultura e aquacultura).
“O objetivo dessa mudança é integrar estruturas para levar soluções de produtos e serviços para todas as espécies animais do mercado, trazendo cada vez mais inovações, tecnologia e sustentabilidade”, afirmou Luiz Fernando Magalhães, que dará continuidade aos trabalhos da gestão anterior.
Sergio Schuler parte para um novo desafio, assumindo a posição de Vice-Presidente de Nutrição e Saúde Animal (Ruminantes e Monogástricos) para Europa, Oriente Médio e África.