Arroba volta a se valorizar com força em novembro

Dados oficiais confirmam baixa oferta

Thiago Bernardino de Carvalho
Pesquisador da Equipe de Pecuária do Cepea

Alessandra da Paz
Gestora da Equipe de Comunicação do Cepea

Depois de recuarem com certa intensidade em setembro e outubro, os preços da arroba do boi gordo voltaram a subir em novembro. Até o início da segunda quinzena de novembro, o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3 (mercado paulista, à vista) registrava significativo avanço de quase 20%. Vale lembrar que, em setembro e outubro, as desvalorizações da arroba haviam sido de respectivos 7% e 11,8%.

Apesar da continuidade da suspensão dos envios de carne bovina à China – maior destino externo da proteína brasileira –, os valores da arroba foram impulsionados pela retração na oferta de boi para abate. Essa menor disponibilidade de animais ao longo deste ano é evidenciada por dados oficiais divulgados em novembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostraram queda no abate de boi no País. Além disso, com o retorno das chuvas, pecuaristas que tinham animais foram favorecidos pela melhora dos pastos.

Segundo o IBGE, de janeiro a setembro deste ano, foram abatidos no Brasil 20,52 milhões de animais, 8,58% a menos que no mesmo período de 2020. Trata-se, também, do menor volume para esse período desde 2004.

Especificamente no terceiro trimestre de 2021, o volume abatido no País somou 6,9 milhões de animais, 2,35% inferior à quantidade do trimestre anterior e 11,12% abaixo do de julho a setembro de 2020, ainda conforme dados do IBGE. Esse cenário pode ser resultado do abate de fêmeas entre 2018 e 2019 e, também, do custo alto da alimentação ao longo dos últimos meses, que pode ter
desestimulado os pecuaristas.

EM OUTUBRO, PODER DE COMPRA DE RECRIADOR CHEGOU AO MENOR PATAMAR DA HISTÓRIA

A recuperação nos preços da arroba bovina em novembro, por sua vez, acabou aliviando os pecuaristas nacionais. Isso porque dados do Cepea mostram que a relação de troca de arrobas de boi gordo por animais de reposição atingiu, em outubro de 2021, o momento mais desfavorável ao pecuarista que faz a recria-engorda, considerando-se toda a série histórica do Cepea, iniciada em
2000, no caso do bezerro.

Além das – até então – fortes quedas nos preços da arroba bovina, os valores dos animais de reposição estavam relativamente firmes em muitas praças acompanhadas pelo Cepea, reforçando
a piora na relação de troca do recriador em outubro.

Quando consideradas as médias mensais do Cepea deflacionadas pelo IGP-DI (base outubro/21), o pecuarista de São Paulo precisou, em outubro, de 10,27 arrobas de boi gordo para a compra de um animal de reposição no mercado sulmato-grossense, sendo 9,13% a mais que no mês anterior, 17,9% acima do necessário em outubro de 2020, além de ser a maior quantidade já registrada pelo Cepea.

Como comparação, a relação média da série do Cepea é de 7,69 arrobas de boi gordo para um animal de reposição. Em 2021, especificamente, o momento mais favorável ao pecuarista recriador foi observado em janeiro, quando foram necessárias nove arrobas para a aquisição de um bezerro. Em novembro (até o dia 16), com o avanço nos valores da arroba bovina, o poder de compra se recuperou um pouco, e pecuaristas de São Paulo precisavam de 9,71 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro em Mato Grosso do Sul.

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