Andrea Iorio: Inovação e disruptura

Dados gerados pelo uso de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, ajudam a identificar as dores dos clientes e a resolvê-las

Mylene Abud

Um dos mais renomados palestrantes nacionais e internacionais sobre Transformação Digital, Liderança e Soft Skills, Andrea Iorio vê a inovação como uma necessidade trazida pelo mundo digitalizado. Mas inovar não significa criar, adverte: “Inventar algo pode bem provar não ser tão inovador. E a gente vê no mundo muitos objetos, produtos e serviços que são novos, mas não necessariamente resolvem um problema – e, por isso, fracassam”.

Graduado em Economia pela Universidade Bocconi de Milão (Itália), mestre em Relações Internacionais pela Universidade Johns Hopkins (EUA) e professor do curso de MBA da Fundação Dom Cabral, Iorio acumulou experiências em multinacionais de tecnologia, como diretor do Tinder na América Latina e Chief Digital Officer (CDO) da L’Oréal. Para ele, a disruptura ou interrupção do curso normal de um processo é uma consequência da inovação profunda. “No caso do mercado de nutrição animal, vejo as oportunidades de inovar tão profundas que associei as duas palavras, e as oportunidades de disrupção estão ao longo de várias frentes: modelos de negócios, canais de relacionamento de clientes, pesquisa e desenvolvimento, entre outros”, destaca, na entrevista que você confere a seguir.

Noticiário Tortuga – Sua palestra durante a convenção da DSM teve como tema Inovação e Disruptura. O que esses dois termos têm em comum?
Andrea Iorio – Certamente, muita coisa, pois a disruptura é uma consequência da inovação profunda. Ao mesmo tempo, inovação não é apenas disruptiva, ela pode ser incremental. Mas, no caso do mercado de nutrição animal, vejo as oportunidades de inovar tão profundas que associei as duas palavras, e as oportunidades de disrupção estão ao longo de várias frentes: modelos de negócios, canais de relacionamento de clientes, pesquisa e desenvolvimento, entre outros.

Noticiário Tortuga – Inovar é sinônimo de inventar?
Andrea Iorio – Não necessariamente, pois inventar algo pode bem provar não ser tão inovador. E a gente vê no mundo muitos objetos, produtos e serviços que são novos, mas não necessariamente resolvem um problema – e, por isso, fracassam. Inovação, porém, sempre nasce da prerrogativa de que a solução inovadora resolva algum gap no mercado ou dor do cliente: se não o fizer, por mais novo que seja, não será inovador.

Noticiário Tortuga – Quais os desafios para uma empresa global, como a DSM, ser de fato inovadora?
Andrea Iorio – Os principais são desafios de cultura e organizacionais, muito mais do que orçamentários e de ferramentas. Pois uma empresa global, como a DSM, tem os orçamentos necessários para pesquisa, desenvolvimento e experimentos, mas, muitas vezes, os processos existentes em companhias tão grandes podem se tornar inimigos da inovação, porque favorecem a otimização e a eficiência, mas prejudicam o processo de inovação. É mais importante criar os pressupostos organizacionais e culturais para fomentar o engajamento, a proatividade e a experimentação constante dos colaboradores, para que a empresa se torne inovadora.

Noticiário Tortuga – Quais os pilares para um bom profissional na era digital em que vivemos, seja no escritório ou no campo?
Andrea Iorio – Acredito que os pilares fundamentais sejam três: transformação cognitiva (na forma de pensar e tomar decisões, baseadas em dados e focadas no cliente); comportamental (na forma de executar a inovação, experimentando mais e tendo mais tolerância para o erro); e emocional (na forma de se relacionar com os outros e colaborar). Fundamentalmente, as tecnologias do mundo digital substituem algumas tarefas dos profissionais de hoje e pedem por um novo profissional que desenvolva novas competências e habilidades.

Noticiário Tortuga – Quais os principais desafios e oportunidades trazidos pela pandemia?
Andrea Iorio – Certamente, o principal é como acelerar a transformação digital exigida pelo cliente, que se consolidou em muitos mercados (telemedicina, varejo de supermercados etc.), e que está afetando o mercado de nutrição animal. Ou seja, como fundamentalmente reinventamos nossos canais de relacionamento com os clientes, integrando pontos de contato digitais com pontos de contato físicos. E coletar mais dados ao longo desta jornada.

Noticiário Tortuga – Nesse mundo digital e em transformação, como identificar as dores dos clientes? E como resolver essas dores?
Andrea Iorio – Fundamentalmente através dos dados, que, se bem trabalhados através de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, nos ajudam a identificar dores dos clientes sem que eles nem saibam expressá-las, a partir das correlações entre dados e novos comportamentos dos clientes.

Noticiário Tortuga – Fale um pouco sobre a expectativa, do ponto de vista da inovação, para o futuro do agro e das empresas do setor.
Andrea Iorio – Estamos vendo uma aceleração muito forte no setor do agro, com uma reinvenção profunda dos players consolidados como a DSM, e, ao mesmo tempo, com o surgimento das agtechs, que estão aí para resolver as dores do mercado. Então, a oportunidade está com a gente: precisamos olhar para as mudanças no mundo, no mercado, no cliente e na tecnologia, e nos perguntarmos: estamos mudando na rapidez que tudo isso está mudando?

Noticiário Tortuga – Para terminar, é possível ser inovador sozinho?
Andrea Iorio – Não tem como, porque inovação é algo tão complexo que não pode ser resolvido com uma cabeça pensante só, mas é o resultado da colaboração de muitas pessoas determinadas a resolverem um problema de forma colaborativa.

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